Governo Lula tenta desvincular-se de fraudes no INSS
A ofensiva da oposição bolsonarista tem gerado um clima de tensão no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente a respeito das recentes denúncias de fraudes no INSS. Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, ministros se esforçaram para desvincular o atual governo do esquema de desvios de aposentadorias e demonstrar que, apesar da crise, não estão inertes diante do escândalo.
Reconhecimento do problema e determinação de Lula
Logo no início da coletiva, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, destacou a determinação do presidente Lula em aprofundar as investigações. Queiroz afirmou que o presidente pediu que fossem “às últimas consequências na busca dos culpados”. Em um tom de urgência, o titular da Controladoria Geral da União (CGU), Vinicius de Carvalho, reforçou a necessidade de esclarecer a origem do problema, que remonta a 1991, mas que ganhou proporções alarmantes recentemente.
Histórico e evidências das fraudes
Durante sua fala, Carvalho enfatizou que os aumentos nos descontos para repasses a associações começaram a ser percebidos especialmente em 2019, e que a queda na exigência de revalidação periódica em 2022 contribuiu para a criação de entidades fraudulentas. Ele alertou que, entre 2023 e 2024, essas associações conseguiram perpetuar os descontos irregulares.
Compromisso em responsabilizar envolvidos
O advogado-geral da União, Jorge Messias, optou por um discurso contundente ao falar sobre as ordens recebidas de Lula. “O presidente tem uma determinação de responsabilizar todas as pessoas físicas e jurídicas envolvidas nessa fraude, doa a quem doer. Não ficará pedra sobre pedra”, disse Messias, prometendo ações rigorosas contra os envolvidos.
Ações do governo e garantias de não omissão
Messias também anunciou que a AGU solicitará o bloqueio dos bens das entidades implicadas. Ele destacou que o governo não está disposto a ser omisso e está comprometido em compensar as vítimas prejudicadas pelo escândalo. “O que não podemos neste momento é sermos omissos e não seremos”, enfatizou.
Esquema montado na gestão de Bolsonaro
O advogado-geral alinhou seu discurso com o de Carvalho, afirmando que o esquema se formou durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Messias caracterizou o modelo como “criminoso” e disse que o governo atual enfrenta o desafio de desmontar esse tipo de fraude, o que, segundo ele, não foi uma tarefa fácil devido ao estado precário que encontraram no INSS. “Uma autarquia previdenciária desmontada, sem servidores públicos, sem sistema”, afirmou.
Sistema Dataprev e privatização
A situação do sistema Dataprev, que, segundo Messias, foi negligenciado com planos de privatização durante o governo anterior, também foi abordada. Ele explicou que assim que Lula assumiu, a empresa foi retirada da lista de desestatização, demonstrando um novo compromisso com a preservação das estruturas públicas essenciais para o atendimento às demandas dos aposentados.
Resposta a críticas da oposição
Com um tom político aguçado, Messias criticou diretamente um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que acusou a administração Lula de não investigar os descontos irregulares. “Vi um deputado que fez um vídeo com o objetivo de lacrar e causar terror. Quero que ele questione por que o ex-presidente desmontou a empresa pública que dá suporte aos pensionistas”, desafiou.
O cenário de fraudes no INSS é um tema delicado e que requer atenção redobrada do atual governo, que está sob constante vigilância da oposição. À medida que as investigações progridem, resta saber como Lula e sua equipe conseguirão não apenas desvincular-se das responsabilidades, mas também implementar as mudanças necessárias para restaurar a confiança no sistema previdenciário do país.
Contudo, a resposta do governo e seus ministros, em tom firme e decidido, parece sinalizar que eles estão prontos para enfrentar os desafios e se responsabilizar pelas ações necessárias, mesmo em um ambiente político conturbado.
Da Redação
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