Gleisi Hoffmann suaviza discurso sobre juros em meio a manutenção da Selic em 15%

Apesar de o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, tem adotado um tom menos confrontador com aliados, incluindo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Decisão do Copom e cenário econômico

O Copom optou por manter a Selic em 15% pela quarta reunião consecutiva, justificando que o patamar ainda é necessário para garantir a convergência da inflação para a meta e conter a incerteza econômica global. A decisão ocorre em um momento de inflação moderada e atividade econômica lenta, alimentando expectativas quanto ao futuro do ciclo de juros elevados no primeiro trimestre de 2025.

Reações de Gleisi Hoffmann ao longo do tempo

Tradicionalmente crítica à política monetária mais rígida, Gleisi vinha criticando duramente a alta dos juros durante a gestão do ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, nomeado por Jair Bolsonaro. Ela chegou a afirmar que a taxa de 15% “penaliza a economia e o setor produtivo”, além de acusar Campos Neto de sabotagem à economia brasileira.

Na última reunião do Copom sob a direção de Galípolo, em janeiro de 2025, a taxa chegou a 13,25%, e Gleisi comentou que esse aumento já havia sido contratado pela gestão anterior e que não restaram muitas alternativas à nova presidência do BC. Desde então, ela evitou se pronunciar sobre novas altas, mesmo durante o aumento progressivo até os atuais 15% ao ano.

Somente em novembro, após a decisão de manter a taxa, Gleisi voltou a se posicionar criticando a política de juros altos: “A decisão do Copom de manter a Selic em 15% é prejudicial aos investimentos, ao acesso ao crédito e à geração de empregos. Nenhuma economia do mundo pode suportar juros reais de 10%. Nada justifica uma decisão tão desalinhada com a realidade”, afirmou.

O papel do Copom e perspectivas futuras

O Comitê de Política Monetária, órgão responsável por definir a Selic, realiza reuniões a cada 45 dias para analisar dados econômicos e votar a taxa. Além de controlar a inflação — que, atualmente, apresenta sinais de moderada curva descendente — o Copom também observa o cenário externo, que permanece incerto, segundo ata divulgada recentemente.

A expectativa é de que, com a composição do Banco Central, formada por indicações do presidente Lula, a tendência seja de redução dos juros a partir de 2026, após o preenchimento do quadro de diretores. O governo já indicou que pretende nomear toda a diretoria do BC, uma vez que os mandatos de alguns integrantes indicados por Bolsonaro se encerram no fim deste ano.

Discurso de Gleisi e o contexto político

Gleisi Hoffmann, que antes criticava veementemente a política de juros elevada, tem adotado uma postura mais comedida publicamente, evitando confrontar diretamente as decisões do BC desde a mudança na composição do órgão. Sua avaliação expressa, porém, ainda reforça a preocupação com os impactos sociais e econômicos da política de juros altos.

Recentemente, ela afirmou que a manutenção dos juros em 15% “é prejudicial ao Brasil”, destacando que juros de 10% ao ano já seriam suficientes para o controle inflacionário, e criticou o que chamou de “terrorismo de mercado” na comunicação do Copom.

Contexto e próximas etapas

A expectativa é de que, em 2025, a política monetária comece a ser relaxada, com possibilidades de redução da Selic, após as indicações e sabatina dos nomes indicados por Lula para o Conselho Monetário Nacional e a diretoria do Banco Central. Até lá, a postura de Gleisi sugere uma tentativa de equilibrar o discurso político com a necessidade de manter a estabilidade econômica.

As próximas reuniões do Copom serão decisivas para definir o ritmo de ajuste da taxa, conforme evoluírem os indicadores econômicos e a conjuntura internacional.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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