Fusão da Anglo American com Teck enfrenta obstáculos na mina QB no Chile
A união entre a gigante mineradora Anglo American e a canadense Teck Resources Ltd. enfrenta dificuldades para consolidar sua operação no Deserto do Atacama, no Chile. A iniciativa busca recuperar e ampliar a produção da mina QB, que atualmente enfrenta diversos problemas operacionais e de gestão com os sócios da Collahuasi, outro importante ativo na região.
Desafios operacionais e impacto na produção de QB
Desde o início, a profunda renovação da mina QB tem apresentado obstáculos, como custos acima do esperado, atrasos na execução e instabilidades na operação, incluindo paradas no carregamento de navios e dificuldades no armazenamento de resíduos. Segundo analistas, esses problemas prejudicaram a capacidade de atingir as metas de produção da mina, levando a cortes nas previsões feitas pela Teck em julho e neste mês.
Complexidade da estrutura societária e governança
Collahuasi, que também faz parte do projeto, possui uma estrutura societária complexa, com participação da Anglo, Glencore e Mitsui, além de ser gerida de forma independente. A mina QB é controlada majoritariamente pela Teck, com parceiros como a Sumitomo e a Codelco. A multiplicidade de sócios e interesses torna a governança um grande desafio para qualquer tentativa de integração eficiente, como observa Juan Ignacio Guzmán, diretor da consultoria chilena GEM.
Potenciais benefícios de uma integração bem-sucedida
Apesar das dificuldades, uma fusão bem-sucedida poderia gerar benefícios expressivos. Estimativas indicam que, com a integração, o grupo poderia alcançar uma produção anual de até 1 milhão de toneladas de cobre no início dos anos 2030, tornando-se uma das maiores minas de cobre do mundo, acima da atual líder, Escondida, da BHP Group. Além disso, as sinergias de redução de custos e aumentos de receita podem agregar cerca de 1,4 bilhão de dólares anuais ao EBITDA do complexo, e economias adicionais de 800 milhões de dólares seriam possíveis em áreas administrativas.
Investimentos e estratégias futuras
Para viabilizar o projeto, a Anglo planeja construir uma correia transportadora de cerca de 15 quilômetros para levar minério de alta qualidade de Collahuasi às plantas de processamento de QB, aumentando a produção anual entre 2030 e 2049. Segundo analistas, isso representaria uma vantagem significativa em termos de eficiência e custos, ajudando na disputa por liderança mundial do cobre, importante para a transição energética global.
Perspectivas e riscos
Especialistas ressaltam que os problemas atuais, semelhantes aos enfrentados pela Anglo na mina peruana Quellaveco, mostram que operações dessa escala podem levar tempo para se tornarem plenamente eficientes. Embora haja otimismo quanto ao potencial de crescimento, investidores permanecem cautelosos quanto aos riscos associados às negociações, à complexidade societária e aos desafios técnicos.
Conforme análise de William Tankard, da CRU Group, existe uma possibilidade concreta de o complexo Collahuasi-QB superar a produção da Escondida na próxima década, destacando a relevância estratégica do projeto para o mercado global de cobre. No entanto, o caminho para essa transformação exige superar obstáculos significativos e uma gestão eficiente dos múltiplos interesses envolvidos.
Fonte: O Globo
Com informações do Jornal Diário do Povo
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