Ford registra US$ 19,5 bilhões em encargos com transformação no mercado de veículos elétricos

A montadora americana Ford informou que registrarará em seu balanço contábil US$ 19,5 bilhões em encargos devido a uma ampla reformulação de seu negócio de veículos elétricos. A medida foi divulgada nesta quarta-feira (15), com a maior parte dos custos refletida no resultado do quarto trimestre deste ano. A mudança ocorre após anos de dificuldades para tornar lucrativo o segmento de EVs, com a empresa cancelando projetos e concentrando-se em veículos híbridos e a combustão.

Revisão estratégica e impacto financeiro

Como parte da nova direção, a Ford decidiu cancelar um caminhão elétrico da linha F-Series que estava em planejamento, redirecionando sua produção para veículos a combustão e híbridos. Além disso, a fabricante está reaproveitando uma fábrica de baterias para veículos elétricos, enquanto converterá sua caminhonete emblemática, a F-150 Lightning, em um modelo híbrido de autonomia estendida. A maioria desses encargos será reconhecida no quarto trimestre, segundo comunicados oficiais.

Desafios e mudança de rota

A magnitude das perdas contábeis revela a dificuldade enfrentada pela Ford no mercado de EVs, especialmente após uma expansão excessiva na produção de baterias e uma estratégia focada em veículos elétricos de grande porte, que se mostrou inviável financeiramente. O diretor-presidente da Ford, Jim Farley, afirmou que a empresa está “redirecionando capital para oportunidades de maior retorno”, como parte de uma mudança de foco mais prudente.

Perspectivas futuras e novos rumos

O executivo Andrew Frick, chefe da divisão de veículos elétricos da Ford, projetou que as operações de EVs da divisão Model tornar-se-ão lucrativas até 2029. No entanto, prejuízos de US$ 5,1 bilhões foram registrados na área no ano passado, com estimativas de perdas ainda maiores em 2025. A estratégia inclui investir US$ 2 bilhões na conversão de uma fábrica de baterias em Kentucky para produzir células de armazenamento de energia, visando o mercado de armazenamento estacionário, com o objetivo de aproveitar o crescimento da demanda nesse segmento.

Transformação na produção de baterias e novas fábricas

A Ford também está convertendo uma fábrica em construção em Stanton, Tennessee, para produção de veículos a combustão, adiando sua inauguração para 2029. A companhia assumiu o controle de fábricas de baterias em Glendale, Kentucky, após o rompimento de uma joint venture com a sul-coreana SK On, e passará a produzir células de fosfato de ferro-lítio, destinadas ao armazenamento de energia.

Impacto na estratégia global da Ford

O CEO Jim Farley afirmou que essa mudança de rumo é uma decisão importante para obter retorno sustentado. A expectativa é que até 2030, metade das vendas globais da Ford venha de veículos híbridos, EVs de autonomia estendida e outros veículos elétricos, representando um aumento expressivo em relação aos 17% atuais.

Enquanto isso, ações da Ford subiram cerca de 1% após o fechamento do mercado em Nova York nesta quarta-feira, acumulando alta de 38% no ano. A companhia também anunciou a elevação na projeção de geração de caixa para US$ 7 bilhões em 2025, acima das estimativas anteriores, o que reforça sua busca por sustentabilidade financeira.

Contexto e desafios no setor de veículos elétricos pós-Trump

Farley também alertou sobre o pessimismo que recai sobre o mercado de EVs após a política do ex-presidente Donald Trump, que desmantelou grande parte do aparato regulador de Biden. A General Motors, por exemplo, registrou US$ 1,6 bilhão em encargos em outubro devido a perdas na área de veículos elétricos. Uma alternativa promissora é converter fábricas de baterias para produzir células destinadas ao armazenamento de energia, que cresce rapidamente devido à expansão de data centers e a modernização da rede elétrica americana.

A Ford suspendeu a produção de sua fábrica de baterias em Kentucky para converter a planta em uma produtora de células de armazenamento, com previsão de reabertura em 2027. O projeto envolve a demissão de 1.600 funcionários, mas a montadora planeja contratar 2.100 profissionais para o novo foco no setor de energia, utilizando baterias de menor custo baseadas em tecnologia chinesa.

Consolidação de mudanças na estratégia industrial

Além de Kentucky, a Ford planeja converter uma nova fábrica em Stanton, Tennessee, para produzir caminhões a combustão, adiando sua abertura para 2029. A iniciativa faz parte do esforço de equilibrar a produção para maximizar lucros, ajustando a estratégia às condições de mercado atuais, que permanecem desafiadoras para o setor de veículos elétricos.

Para mais detalhes, acesse a fonte original.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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