Exportações brasileiras de ovos sofrem queda após tarifas nos EUA
Pelo segundo mês consecutivo, as exportações brasileiras de ovos tiveram recuo em agosto de 2025, impulsionado pela redução nos embarques para os Estados Unidos, após a imposição de tarifas pelo governo norte-americano. Apesar da diminuição, o volume total exportado neste ano permanece em alta em comparação a 2024, aponta estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.
Declínio nas vendas para os EUA e mudança de mercado
Em agosto, os Estados Unidos, que eram o principal destino da proteína brasileira desde março, compraram 2,13 mil toneladas de ovos in natura e processados, volume 60% menor que em julho. Ainda assim, o volume representa um aumento de 72% em relação a agosto de 2024, destacam os pesquisadores do Cepea. O recuo ocorre após a adoção de tarifas comerciais pelos EUA, que seguraram as exportações brasileiras para aquele país.
Concomitantemente, o Japão emergiu como o maior comprador externo de ovos brasileiros no último mês, adquirindo 578 toneladas, um aumento de 29% em relação a julho. “Apesar da retração recente, as exportações para o Japão continuam em tendência positiva para o ano”, ressalta o estudo.
Recorte da evolução das exportações e seus efeitos
Primeiro declínio em julho e crescimento incremental em 2025
O balanço das exportações interrompeu o movimento de alta iniciado no primeiro semestre de 2025, com uma queda de 20% nas vendas externas em julho, uma redução de 31% nos embarques para os EUA, que totalizaram 5,26 mil toneladas. Mesmo assim, entre janeiro e agosto, o país exportou aproximadamente 32,3 mil toneladas de ovos, volume 192,2% maior que o registrado no mesmo período de 2024 e 75% superior ao total de todo o ano anterior.
Cenário do mercado interno e os efeitos de preços
No mercado doméstico, as cotações dos ovos tiveram alta em agosto, impulsionadas pela retomada do consumo após as férias escolares e aumento na renda da população. Os preços, que tinham atingido o menor patamar diário em junho, registraram recuperação, após períodos de retração provocados, entre outros fatores, pela crise da gripe aviária na Europa e aumento de estoques devido à desaceleração nas vendas.
Segundo dados do Cepea, o movimento de queda nos preços no mercado interno começou em abril, após altas recordes, reflexo de redução na demanda e aumento da oferta, agravados pelos custos elevados com milho, farelo de soja e embalagens. “A desvalorização também foi influenciada pelo descarte de poedeiras mais velhas, um procedimento comum para tentar equilibrar a oferta”, explica a pesquisadora do Cepea.
Perspectivas para o setor avícola brasileiro
Com a recuperação parcial dos preços em agosto, o setor mantém atenção às oscilações internacionais e às condições de mercado internas. A expectativa é de que, mesmo diante dos desafios, o Brasil continue sendo um importante exportador de ovos, impulsionado pelo crescimento no volume embarcado nos primeiros oito meses do ano.
O cenário econômico ainda sofre influência das restrições às importações na Europa, devido à gripe aviária, embora o Brasil já tenha recuperado o status de país livre da doença, o que deve favorecer a retomada das exportações de produtos avícolas, incluindo ovos.
O crescimento nas exportações de ovos, mesmo com a recente retração, evidencia a resiliência do setor diante de um cenário global de instabilidades comerciais e sanitárias, com o Japão subindo na liderança das importações brasileiras e os EUA enfrentando tarifas que afetam o volume de compras.
Para o setor, o desafio é equilibrar custos de produção elevados com a competitividade no mercado doméstico e externo, além de acompanhar as evoluções sanitárias globais que influenciam a cadeia de produção de ovos.
Com informações do Jornal Diário do Povo
Share this content:
Publicar comentário