EUA deixam café e carne bovina de fora do tarifaço de Trump

Os Estados Unidos confirmaram a imposição de uma tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros, mas deixaram de fora itens estratégicos como café e carne bovina, principais produtos exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano. A decisão foi anunciada nesta semana, gerando preocupação entre exportadores e setor agrícola brasileiro.

Café e carne bovina entre as exceções do tarifaço americano

A lista de exceções do tarifaço, que inclui alimentos como café e carne bovina, foi uma surpresa para o setor, já que esses produtos representam uma parcela significativa das exportações brasileiras. Segundo Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), “não existe um substituto imediato para os EUA”, ressaltando que o Brasil é o maior fornecedor desses itens para o mercado norte-americano.

Apesar da manutenção na lista de isenções, exportadores acreditam que esses produtos podem integrar a lista de exceções em acordos futuros. “Estamos em tratativas constantes com os americanos para que o café e a carne possam passar a fazer parte da lista de produtos isentos”, afirmou Celírio Inácio, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

Efeito do tarifaço sobre o mercado brasileiro e seus principais produtos

Café brasileiro mantém posição de destaque nos EUA

O Brasil responde por cerca de 30% das importações de café não torrado pelos EUA, tornando-se o maior fornecedor do produto ao país norte-americano. Antes do anúncio do tarifaço, as vendas já estavam estabilizadas, pois os estoques acumulados antes da taxação permitem que o impacto imediato seja moderado.

Segundo o pesquisador Leonardo Munhoz, da FGV Bioeconomia, uma alternativa para os EUA seria priorizar o importação do café robusta, mais encorpado. No entanto, essa mudança exigiria uma adaptação ao gosto do consumidor, que prefere o arábica brasileiro e colombiano. Além disso, Vietnam, maior produtor de robusta, apresenta uma sobretaxa menor sobre suas exportações.

Carne bovina brasileira enfrenta queda nas exportações

As vendas de carne bovina brasileira para os EUA atingiram recordes no início de 2025, mas com o aumento das tarifas, esse cenário mudou. A previsão de especialistas é de que o Brasil perca cerca de US$ 1 bilhão em vendas devido ao tarifamento, além de redução nas destinadas ao mercado norte-americano, que deverá cair bastante.

“As fábricas já pararam de produzir carnes especificamente para os EUA”, informou Roberto Perosa, presidente da Abiec. O país, que antes buscava vender aproximadamente 400 mil toneladas de carne bovina para os EUA neste ano, agora considera essa meta inviável.

Impactos sociais e econômicos em setores vulneráveis

Os pescados também enfrentam dificuldades, pois cerca de 70% das exportações brasileiras desse setor vão para os EUA. A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) alertou que a ausência de isenção afetará sobretudo regiões como o Ceará, onde a atividade pesqueira é uma importante fonte de renda e emprego.

“Mais de um milhão de pescadores profissionais podem sofrer impacto imediato, o que traz consequências sociais graves”, afirmou a entidade. A dependência do mercado americano reforça o risco de prejuízos profundos na economia regional.

Perspectivas futuras e negociações em andamento

As negociações continuam, com o setor agrícola mantendo o esforço para que o café e a carne bovina possam ser incluídos na lista de exceções do tarifaço. Segundo o governo dos EUA, produtos como manga, abacaxi e cacau também não foram incluídos na tarifa de 50%, permanecendo sujeitos a sobretaxas menores.

Especialistas apontam que, apesar do impacto imediato, a busca por alternativas e negociações diplomáticas pode evitar perdas irreparáveis para o Brasil. A expectativa é de que novas rodadas de diálogo possam estabelecer exceções ou reduzir a severidade das tarifas para produtos estratégicos.

Para o setor, a prioridade é evitar danos maiores às exportações, especialmente de produtos que representam parcela significativa do comércio externo brasileiro com os EUA.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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