EUA apoiam Milei na Argentina, mas problemas estruturais permanecem

Os Estados Unidos reafirmaram apoio ao governo de Javier Milei na Argentina, em meio a negociações financeiras e tensões internas no país. Durante visita a Washington, representantes americanos destacaram a importância da parceria estratégica, embora os desafios econômicos estruturais brasileiros persistam.

O apoio de Biden e Bessent ao governo de Milei

Scott Bessent, representante do governo norte-americano, afirmou que Milei fez as coisas certas ao romper com ciclos econômicos negativos e que a relação entre ambos é de grande benefício para os EUA. Ele declarou: “Ele chegou para romper 100 anos de ciclos negativos na Argentina. Também é um grande aliado dos Estados Unidos”.

Segundo Bessent, os EUA “se beneficiam muito” do acordo com o governo argentino, enfatizando o alinhamento estratégico na região. Ele acrescentou que “a Argentina é um farol para a América Latina” e destacou que o apoio busca garantir interesses dos Estados Unidos no hemisfério ocidental.

Importância da relação bilateral e apoio financeiro

O secretário americano ainda ressaltou que o encontro com o presidente Donald Trump, previsto para a próxima semana no Salão Oval, demonstra o forte apoio da Casa Branca ao governo argentino, em um momento crucial de sua gestão.

Apesar do respaldo, especialistas apontam que os problemas econômicos de fundo na Argentina permanecem. Milei tenta combater os ciclos de crise, que envolvem forte dependência do dólar, reservas cambiais em queda e uma supervalorização da moeda local, o peso argentino.

Questões econômicas e estratégias de estabilização

Durante sua passagem por Washington, a equipe econômica argentina negociou medidas para estabilizar a moeda nacional. Após quatro dias de negociações, o governo confirmou a intervenção no mercado cambial com compras diretas de pesos e um acordo de swap de US$ 20 bilhões com o Banco Central. “O Tesouro dos EUA está preparado para tomar medidas excepcionais para estabilizar os mercados”, afirmou Bessent.

Entretanto, as ações não apagam os desafios, como a forte depreciação do peso e as críticas internas ao governo. Analistas estimam que o peso argentino está entre 20% e 30% supervalorizado, alimentando a crise cambial e a necessidade de intervenções constantes.

Desafios políticos e resistência às medidas americanas

Não há consenso nos EUA sobre a ajuda ao país latino-americano. Elizabeth Warren, senadora democrata, questionou publicamente o suporte financeiro, alegando que os recursos deveriam ser direcionados para os cuidados de saúde dos americanos. Ela também pediu esclarecimentos sobre os instrumentos utilizados pelo Fundo de Estabilização Cambial (FSE) e a possibilidade de futuras ações de auxílio sem prejuízos às reservas argentinas.

Washington também mantém uma postura cautelosa quanto às relações com a China, com o Banco Central argentino possuindo um swap de US$ 18 bilhões com Pequim. A estratégia norte-americana inclui, ainda, a tentativa de enfraquecer a influência chinesa na região por meio de mecanismos econômicos e diplomáticos.

Perspectivas futuras em meio à crise

O governo de Milei busca consolidar suas ações diante do cenário de instabilidade e eleições marcadas para o dia 26 de outubro. Analistas avaliam que, apesar do apoio externo, será necessário avançar em reformas estruturais para estabilizar a economia argentina de forma duradoura.

Segundo o ministro da Economia, Luis Caputo, as negociações com os Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional (FMI) continuam, e o objetivo é evitar uma nova crise cambial. As medidas de intervenção e apoio financeiro representam uma tentativa de manter a estabilidade até o próximo ciclo eleitoral, mas o sucesso dependerá do avanço das reformas internas no país.

Para mais detalhes, leia a análise completa em O Globo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

Share this content:

Publicar comentário