Entidades empresariais do Rio alertam para impacto econômico de aumento de passageiros no Santos Dumont

Em meio às discussões sobre uma redução na restrição de passageiros do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, entidades empresariais chegaram a expressar preocupação. A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) reforçaram que uma possível flexibilização pode afetar a distribuição de voos e a economia fluminense e nacional.

Impactos econômicos e setoriais do aumento do limite de passageiros

Segundo dados da Firjan, desde o fim de 2023, quando foi implementada a limitação no Santos Dumont, o Aeroporto Internacional do Galeão registrou crescimento na movimentação de passageiros. De janeiro a outubro de 2025, houve aumento de 21,6% em relação ao mesmo período de 2024, além de um avanço de 46,3% no transporte de cargas, ambos acima da média nacional. Essas operações, que dependem do transporte aéreo, são fundamentais para setores industriais e de comércio no estado.

Conexão entre limitação de passageiros e movimentação de cargas

Isaque Ouverney, gerente de Infraestrutura da Firjan, explicou que grande parte do transporte de cargas aéreas é feita no bagageiro de voos de passageiros. Assim, o aumento do volume de voos internacionais pode elevar a disponibilidade de cargas, tornando o frete mais competitivo, o que é essencial para exportações e importações.

Reações contrárias à flexibilização proposta

Ao manifestar-se anteriormente, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, revelou que avalia a movimentação na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) como contrária aos esforços do governo federal de impulsionar o crescimento do Galeão. Paes afirmou que “forças ocultas estão se movimentando na Anac para alterar a política de restrição de voos no Santos Dumont”, publicada para equilibrar os dois aeroportos.

A Fecomércio-RJ considera a limitação atual adequada para garantir segurança, eficiência operacional e evitar impactos urbanos negativos, além de manter o equilíbrio entre Santos Dumont e Galeão. A entidade reforça que a política pública deve ser coerente e planejada de forma a não gerar insegurança regulatória ou prejudicar o planejamento nacional e regional.

Consequências para o setor de cargas e economia local

Desde o início de 2024, o crescimento na movimentação de cargas no Galeão tem sido expressivo, superando a média nacional. No entanto, a possibilidade de ampliar o teto de passageiros no Santos Dumont ameaça essa tendência, podendo alterar o cenário do transporte de cargas.

Segundo Ouverney, da Firjan, a coordenação dos aeroportos pode injetar R$ 4,5 bilhões por ano na economia do Rio de Janeiro, considerando fatores como aumento na logística de transporte aéreo. Ele destaca que a Anac deve considerar o impacto global na economia e no setor de transportes ao definir novas políticas.

Posicionamento oficial e perspectivas futuras

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que qualquer ampliação na capacidade do Santos Dumont será gradual, com início esperado para o último trimestre de 2026. Costa Filho também explicou que atualmente as medidas em avaliação não produzem efeitos imediatos na operação aeroportuária.

O prefeito Eduardo Paes e as entidades reforçam a preocupação sobre o possível fortalecimento do Galeão às custas do Santos Dumont, destacando que isso pode comprometer o desenvolvimento econômico e o turismo no estado. A discussão ainda está em andamento na Anac, que deve definir os próximos passos nas próximas semanas.

Fonte: O Globo

Com informações do Jornal Diário do Povo

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