Efeito Trump: países reavaliam estratégias de comércio mundial
As ações tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm provocado uma reformulação nas estratégias comerciais internacionais. Sua conhecida “metralhadora tarifária” está impactando países e blocos, como a União Europeia, Mercosul, Ásia e o próprio Norte-Americano, que buscam alternativas para manter o crescimento econômico e a estabilidade geopolítica.
Reconfiguração das rotas do comércio internacional
Países tradicionais parceiros dos EUA, como Canadá e Japão, estão expandindo suas buscas por novos mercados, sobretudo na Ásia e na América Latina. O México, por exemplo, planeja intensificar negociações comerciais com a China, Índia e o próprio Brasil, enquanto tenta mitigar os efeitos das tarifas americanas, que chegaram a 32% sobre suas exportações em 2024. Segundo especialistas, essa busca por diversificação visa garantir previsibilidade e reduzir a dependência de Washington.
Desafios e oportunidades na Ásia
Na Ásia, a China se destaca como uma das nações mais preparadas para enfrentar esse cenário de incerteza. Com crescimento do seu mercado interno e esforços diplomáticos na África e América Latina, a China reforça parcerias estratégicas na região do Sudeste Asiático, incluindo acordos com países como Indonésia, Malásia, Vietnã, Japão e Coreia do Sul. Recentemente, esses países realizaram seu primeiro diálogo econômico em cinco anos, buscando fortalecer suas relações comerciais e de livre comércio, mesmo diante do atrito com os EUA.
Colaboração na Ásia e seu impacto global
De acordo com o professor de Direito Internacional da UFF e da FGV, Evandro Menezes de Carvalho, a busca por maior previsibilidade na diplomacia comercial da China é uma resposta ao conflito com Taiwan e ao temor de desordem econômica mundial. A China, reforça ele, tenta ampliar suas relações na África e na América Latina, além de aprofundar acordos na ASEAN, bloco que representa seu maior parceiro comercial na região, com fluxo de US$ 234 bilhões no primeiro trimestre de 2025.
Novas parcerias e adaptação do Mercosul
O Mercosul, sob a liderança de Lula – com a presidência do bloco até dezembro de 2025 –, busca acelerar negociações com o Oriente Médio, Emirados Árabes e a União Europeia. Mesmo amparado por disputas internas, o bloco tenta avanços em acordos de livre comércio, como o esperado com a UE e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta). A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou a importância de aproximar parceiros durante encontro com o líder indonésio Prabowo Subianto, reforçando a ideia de que, em tempos de turbulência, alianças estratégicas são essenciais.
O cenário global e o papel das grandes potências
Enquanto isso, a China demonstra seu poder de resistência diante das tarifas dos EUA, retaliando com tarifas próprias e fortalecendo sua diplomacia comercial. Sua estratégia inclui também aprofundar relações na África, América Latina e no Sudeste Asiático, especialmente com países como Indonésia. Para o embaixador Marcos Caramuru, a atual situação favorece os acordos em curso e pode reequilibrar um mundo cada vez mais multipolar, onde as regras do comércio global tendem a se estabelecer de forma mais previsível.
O embaixador e professor Antonio Ortiz-Mena, da Universidade de Georgetown, alerta que o conflito na indústria do tomate, no México, exemplifica a complexidade da política externa de Trump. Com a sobretaxa de 17%, o setor quase entrou em colapso, ameaçando milhares de empregos e evidenciando que a desordem internacional tem custos elevados, além de abrir espaço para novas alianças na Ásia e na América Central.
Na análise de especialistas, a crise revela que, apesar das tensões, o cenário mundial caminha para uma maior diversificação de alianças e mercados, impulsionado por interesses econômicos e estratégicos. Afinal, a globalização, embora desafiada, resiste na busca por equilíbrio e previsibilidade diante das mudanças conduzidas por potências em ascensão e retrações.
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Com informações do Jornal Diário do Povo
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