Edinho Silva abre palanques duplos na eleição do PT
O ex-prefeito de Araraquara (SP) e considerado favorito na eleição à presidência do PT no próximo mês, Edinho Silva vem abrindo “palanques duplos” em estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Alagoas. Com o apoio de chapas que competem entre si pelos respectivos diretórios estaduais do partido, Edinho busca consolidar uma vitória em primeiro turno na votação marcada para o dia 6 de junho. Essa manobra política inclui parcerias até mesmo com antigos adversários da ala Construindo um Novo Brasil (CNB), corrente majoritária do PT à qual ele e o presidente Lula pertencem.
As manobras e as críticas dos concorrentes
O movimento de Edinho acontece em um cenário de apreensão, onde os outros três concorrentes na eleição interna do PT — Rui Falcão, da corrente Novo Rumo; Romênio Pereira (Movimento PT); e Valter Pomar (Articulação de Esquerda) — têm concentrado suas críticas em sua candidatura. A estratégia de Edinho visa evitar um segundo turno, algo que não acontece no partido desde 2007, além de reforçar a sua imagem como unificador das diversas facções partidárias.
A “diplomacia” do candidato favorito também tem gerado tensões entre chapas que disputam os diretórios estaduais. Acusações de que rivais estariam atropelando alianças pré-estabelecidas para se alinhar a um nome com perspectiva de vitória estão em alta. Isso se evidencia em Alagoas, onde Edinho participou, recentemente, de um ato organizado por Ronaldo Medeiros, da corrente Resistência Socialista. No evento seguinte, ele dividiu palanque com Dafne Orion, apoiada pelo deputado federal Paulão (PT-AL), que criticou a situação, afirmando que o evento foi organizado de maneira apressada para aproveitar a presença de Edinho no estado.
Palanques duplos e o pragmatismo de Edinho
Em sua trajetória de apoio, Edinho também mostrou pragmatismo no Rio de Janeiro. Na última segunda-feira, participou de um evento com o prefeito de Maricá e vice-presidente do PT, Washington Quaquá, e, na sequência, tinha um compromisso agendado com o deputado federal Reimont (PT-RJ), que é adversário de Diego Zeidan, filho de Quaquá. No entanto, Quaquá negou qualquer incômodo acerca do “palanque duplo”, afirmando que ambos pertencem à CNB e que confiava na vitória de seu filho nas urnas.
Outro exemplo do jogo político de Edinho ocorreu em Minas Gerais, onde ele subiu ao palanque em apoio à deputada estadual Leninha, da ala da tesoureira do PT, Gleide Andrade. Esta aproximação foi uma surpresa, uma vez que Edinho anteriormente havia expressado resistência em manter Gleide em seu posto, caso vença a eleição. Além disso, Edinho se aliou também a Dandara Tonantzin, uma adversária da ala de Gleide, unindo forças que estavam em concorrência interna.
Controvérsias em São Paulo
Por fim, em São Paulo, estado de sua origem, Edinho também se movimentou de forma ambígua na disputa local. Embora tenha anunciado apoio à reeleição do atual presidente do diretório paulista, Kiko Celeguim, ele gravou um vídeo elogiando o deputado estadual Antonio Donato, seu concorrente. Essa divisão de apoios pode causar fraturas na base do partido ao se mostrar atrelada a diferentes correntes.
A divergência de apoios é um reflexo das tensões internas e um indicativo do quanto a política no PT pode ser complexa, especialmente com o cenário eleitoral se aproximando. A estratégia de palanques duplos adotada por Edinho Silva pode ser essencial na busca pela escolha unânime, mas também pode gerar controvérsias que, se não geridas, podem complicar o seu mandato, caso seja eleito.
Com a batalha pela presidência do PT em andamento, o que se torna evidente é que Edinho Silva se mostra um político em busca de uma liderança coesa em um ambiente repleto de desafios e desconfortos, com a constante necessidade de mover-se enquanto gerencia as diferentes facções do partido para conquistar os votos necessários para sua vitória.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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