Dólar recua para R$ 5,485 e soma queda de mais de 10% neste ano
Nesta segunda-feira, o dólar comercial teve mais um dia de baixa e encerrou cotado a R$ 5,485, uma queda de 1,2% em um único dia. Desde o início do ano, a moeda já recuou mais de 10%, e, desde outubro do ano passado, não se situava abaixo de R$ 5,50. O movimento de desvalorização ocorre em um cenário de otimismo nos mercados, apoiado por avanços diplomáticos no Oriente Médio e por expectativas sobre a política monetária brasileira.
Fatores internos e externos influenciam a queda do dólar
O movimento de queda do dólar foi impulsionado por dois principais fatores: a expectativa de que Irã e Israel possam buscar uma solução diplomática para o conflito e a avaliação de que a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, deve permanecer elevada. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira uma reunião de dois dias, que pode resultar na manutenção ou no aumento da taxa de juros para 15% ao ano.
Conflito no Oriente Médio traz alívio ao mercado
A analista-chefe da Mirae Asset, Marianna Costa, explica que o fato de o conflito entre Irã e Israel não ter se espalhado para outros países do Oriente Médio deu alívio aos investidores. “A situação mais controlada trouxe uma retomada de risco, beneficiando o real e outras moedas emergentes”, afirma. Sinais de que o Irã busca uma saída diplomática também colaboraram nesse cenário.
Já Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, avalia que a postura mais conciliadora de líderes globais diminuiu a percepção de risco. “O apoio mais mediador dos Estados Unidos, por exemplo, ajudou a reduzir a tensão, o que favorece a valorização do real e o enfraquecimento do dólar”, afirma Gomes. Ele cita ainda a declaração de Donald Trump de que Irã e Israel deveriam negociar, além de um aviso de evacuação de Teerã publicado pelo ex-presidente norte-americano.
Dólar perde força globalmente e influencia o mercado brasileiro
O enfraquecimento do dólar vem acontecendo desde o início do ano, impulsionado por fatores como a preocupação com o déficit fiscal dos Estados Unidos, que pressiona a moeda americana. Marianna Costa destaca que a combinação de política monetária e fiscal mais descontrolada, além da desaceleração da economia americana, têm contribuído para esse cenário.
Por aqui, o resultado também foi favorecido por dados econômicos mais robustos da China, principal parceiro comercial do Brasil. As vendas no varejo chinês cresceram 6,4% em maio em relação ao ano anterior, superando expectativas. Além disso, o Boletim Focus do Banco Central reduziu a projeção de inflação para 5,25% e apontou crescimento de 0,2% do índice de atividade econômica (IBC-Br) em abril.
Perspectivas para a política monetária brasileira
O mercado aguarda a decisão do Copom, que anunciará a nova taxa Selic nesta quarta-feira. As apostas ainda estão divididas entre uma manutenção em 14,75% ou um aumento de 0,25 ponto percentual, para 15%. Independentemente da decisão, o elevado diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos reforça a tendência de fluxo de capital para operações de carry trade, contribuindo para a valorização do real.
Os juros futuros também apresentaram queda, com a taxa de depósito para janeiro de 2026 subindo de 14,84% para 14,88%, enquanto os contratos com vencimento em 2029 e 2030 despencaram de 15,535% para 13,465% e de 13,59% para 13,52%, respectivamente. Além disso, a expectativa é de que os Estados Unidos mantenham suas taxas na mesma faixa nesta semana, com possíveis cortes a partir de setembro.
Impactos no mercado financeiro
O apetite por risco foi refletido também na Bolsa de Valores brasileira, que fechou em alta de 1,49%, aos 139.256 pontos, impulsionada por ações da Vale, que avançaram 3,2%, e pelo setor financeiro. Segundo análise de especialistas, o cenário externo mais tranquilo e os dados econômicos favoráveis têm sustentado esse movimento de otimismo.
Para mais detalhes sobre a tendência do dólar e fatores que influenciam o mercado, confira a matéria completa no O Globo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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