Documentário “Acorda, Cajueiro” valoriza cultura piauiense
O Piauí tem se consolidado como um importante polo de produção audiovisual no Brasil, com obras que reforçam a rica cultura e os saberes populares do Estado. Um exemplo notável é o documentário “Acorda, Cajueiro”, dirigido por Guga Carvalho, que recentemente foi selecionado para o 3º Festival Curta! Documentários, promovido pela Claro. Este evento de destaque garante aos filmes selecionados uma visibilidade significativa tanto no cenário nacional quanto internacional.
Um olhar sobre a profecia da chuva
Com 47 minutos de duração, “Acorda, Cajueiro” explora uma prática ancestral que é pouco conhecida fora das comunidades rurais: a profecia da chuva. O filme é uma ode ao conhecimento transmitido de geração em geração por três agricultores piauiense. Silvestre Pereira, Antônio Zeferino e José Inácio compartilham suas experiências e revelam como interpretam os sinais da natureza para prever a chegada das chuvas, um conhecimento vital em um estado tão afetado por secas.
Guga Carvalho, o diretor, ficou profundamente impactado ao descobrir essa tradição durante sua pesquisa. “Era um assunto que eu não conhecia, como a maioria dos piauienses. Fiquei impressionado com a capacidade deles de ler a natureza de outra maneira”, disse. O interesse por essa prática surgiu por volta de 2016, após uma visita a um encontro de produtores e profetas da chuva em Pedro II. O processo de pesquisa envolveu mais de 30 entrevistas, resultando em um recorte que valoriza o legado cultural e a poesia da natureza.
Estética e mensagem do filme
O documentário utiliza uma estética que alterna cenas em preto e branco e colorido, apresentando um ritmo contemplativo que valoriza a conexão do homem com a natureza. Essa abordagem não apenas capta a essência da sabedoria popular, mas também aborda a preocupação com a possível extinção dessa cultura. Carvalho destaca que estamos talvez diante da última geração de profetas da chuva, cuja sabedoria é essencial para enfrentar os desafios impostos pela seca e pelas mudanças climáticas.
“Esse filme é um testemunho da força e da resistência dessa tradição. É uma forma de não deixar essa história morrer”, declarou o diretor. Ele ressaltou a importância de preservar esses conhecimentos em uma era onde as novas gerações estão cada vez mais voltadas à tecnologia. Segundo Carvalho, mesmo que a prática da profecia da chuva continue, será de forma diferente no futuro. Portanto, o documentário é uma maneira de conectar as pessoas a esta cultura crucial para o Nordeste brasileiro.
Reconhecimento e apoio gubernamental
O filme conta com o patrocínio do Governo do Estado do Piauí, através da Secretaria de Comunicação (Secom), que reconheceu a importância de preservar e divulgar essa memória coletiva. “Acorda, Cajueiro” não apenas enriquece o cinema piauiense, mas também reforça a identidade cultural do estado, levando as histórias do povo piauiense a um público mais amplo.
Além de sua participação no festival, o documentário está disponível online até o dia 2 de julho. Os interessados podem assisti-lo clicando aqui. O trailer também pode ser conferido no link https://vimeo.com/963246907.
Dia Estadual dos Profetas da Chuva
Recentemente, em abril deste ano, o governador Rafael Fonteles sancionou a Lei Nº 8.658, que institui o Dia Estadual dos Profetas da Chuva no Calendário Oficial de Eventos do Piauí, a ser comemorado anualmente em 6 de janeiro. A lei reconhece a importância dos profetas da chuva, homens e mulheres que, por meio de observações detalhadas da natureza, combinadas com saberes ancestrais, conseguem prever as chuvas, oferecendo assim uma contribuição inestimável para as comunidades rurais.
O objetivo dessa comemoração é compartilhar experiências, revitalizar a cultura, realizar discussões sobre mudanças climáticas e promover práticas sustentáveis no cultivo de terras. Esse reconhecimento oficial também busca atrair turismo cultural e impulsionar a economia regional, garantindo a perenidade desses saberes tão importantes para a identidade nordestina.
“Acorda, Cajueiro” destaca não apenas a riqueza cultural do Piauí, mas também a luta e a resistência das tradições que fazem parte da vida no sertão. A obra é um convite ao público para refletir sobre a relação do homem com a natureza e a importância de preservar as narrativas que sustentam a identidade de uma região.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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