Disputa pela floresta queniana envolve terras-raras e tensões globais
Seis comunidades na zona costeira do Quênia enfrentam uma crescente luta por suas terras, que guardam grandes depósitos de terras-raras, minerais essenciais para a tecnologia moderna. A região de Mrima Hill, com cerca de 157 hectares, é alvo de interesse de gigantes da mineração, como as empresas australianas RareX Limited e Iluka Resources, que planejam explorar os recursos locais. A disputa ocorre em meio a tensões globais por esses minerais, usados na produção de equipamentos eletrônicos, baterias e tecnologias de baixo carbono.
Conflito e interesses internacionais sobre terras-raras no Quênia
Segundo avaliações de 2013, os depósitos em Mrima Hill poderiam valer cerca de US$ 62,4 bilhões (aproximadamente R$ 335 bilhões). Esses minerais incluem o nióbio, utilizado para fortalecer o aço, e outros elementos de alta demanda por China, EUA e Europa. O interesse estrangeiro cresce à medida que a China impõe restrições às exportações de terras-raras, intensificando a corrida por esses recursos na África.
Resistência das comunidades locais e preocupações ambientais
Moradores da região, principalmente do grupo étnico Digo, temem pela perda de seus laços com a floresta, que abriga santuários sagrados, plantas medicinais e espécies ameaçadas, como a orquídea gigante. Juma Koja, guardião comunitário, relata que testemunhou a chegada de veículos de investidores, mas que o acesso às áreas foi negado devido à falta de transparência nos processos de licenciamento. “Não quero que meu povo seja explorado”, afirmou.
Impactos da mineração e o risco de exploração injusta
Desde 2013, o governo do Quênia revogou licenças concedidas à Cortec Mining Kenya após denúncias de irregularidades ambientais e de licenciamento. Apesar disso, interesses internacionais continuam seduzindo investidores, tendo como objetivo fortalecer a sua posição no mercado global de terras-raras. Especialistas alertam que o país precisa de informações confiáveis sobre seus recursos antes de avançar na mineração, para evitar a repetição de casos de corrupção e degradação ambiental.
Reformas e caminhos para o desenvolvimento sustentável
Para atrair investidores e regularizar o setor, o Ministério de Mineração do Quênia anunciou reformas de longo alcance, incluindo isenções fiscais e maior transparência nos processos de licenciamento. No entanto, muitos moradores permanecem preocupados com o impacto social e ecológico dessas operações. Mohamed Riko, vice-presidente da Associação de Mrima Hill, questiona: “Para onde eles nos levarão? A nossa vida está aqui, nossa floresta é o nosso sustento.”
Perspectivas e desafios na disputa por terras-raras
O conflito revela um cenário de complexas relações entre interesses econômicos, conservação ambiental e os direitos das comunidades tradicionais. A resistência local, junto às pressões internacionais, evidencia a dificuldade de equilibrar desenvolvimento sustentável e proteção dos recursos naturais. O futuro da região depende de políticas transparentes que priorizem o bem-estar das populações e o cuidado com o meio ambiente, diante de uma disputa que vai muito além das fronteiras africanas.
Mais informações podem ser encontradas em Fonte original.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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