Demissão do CEO da Nestlé por relacionamento proibido causa repercussão internacional

A renúncia de Laurent Freixe ao cargo de CEO global da Nestlé, anunciada nesta segunda-feira (1º), gerou enorme repercussão no mundo corporativo e internacional. A decisão ocorreu após uma investigação interna que confirmou que o executivo mantinha um relacionamento amoroso com uma funcionária sob sua supervisão, prática vedada pelo Código de Ética da companhia.

Investigações e descoberta do relacionamento na Nestlé

Segundo o portal suíço SRF, o conselho de administração da Nestlé foi informado da suspeita em maio deste ano por canais internos de denúncia. Uma primeira apuração, conduzida pela consultoria Gemium, não revelou evidências de má conduta, e Freixe negou qualquer envolvimento. No entanto, novos relatórios internos surgiram posteriormente, levando à ampliação da investigação com apoio jurídico externo e independente. Somente nesta segunda fase, sob condução do presidente do conselho, Paul Bulcke, e do diretor Pablo Isla, o relacionamento foi confirmado, informou um porta-voz da Nestlé à agência AWP.

Quem é a funcionária envolvida?

A identidade da colaboradora não foi oficialmente divulgada. O portal Inside Paradeplatz, no entanto, afirmou que ela trabalhava no setor de marketing e teria sido promovida a vice-presidente de marketing para as Américas após um ano e meio de relacionamento com Freixe. A Nestlé não confirmou essa informação, mas a notícia gerou críticas internas sobre possíveis privilégios.

Trajetória de Laurent Freixe na Nestlé

Nascido em 1962 na França, Freixe dedicou toda sua carreira à Nestlé, ingressando na companhia em 1986. Ao longo dos anos, liderou operações em países como Hungria, Espanha, Portugal, Estados Unidos e México. Em 2008, passou a ocupar cargos de alta direção, incluindo vice-presidência executiva, CEO da divisão América do Norte em 2014, da América Latina em 2022 e, por fim, CEO global em 2024. Ele também era reconhecido pelo programa Nestlé Needs YOUth, voltado à empregabilidade jovem.

Quem assume a presidência da Nestlé?

O novo comandante da multinacional suíça é Philipp Navratil, que trabalha na empresa desde 2001. Ele começou como auditor interno e passou por funções em Honduras, México, além de liderar estratégias de marcas como Nescafé e Starbucks. Recentemente, esteve à frente da Nespresso e, em janeiro de 2025, foi nomeado membro do conselho executivo, agora assumindo oficialmente a presidência global.

Posição oficial da Nestlé e contexto legal

A Nestlé justificou a demissão de Freixe por violar seu Código de Conduta, que proíbe relações entre superiores e subordinados, visando preservar a governança e evitar favorecimentos. O presidente do conselho, Paul Bulcke, declarou: “Os valores e a governança da Nestlé são fundamentos sólidos da nossa companhia. Agradeço a Laurent por seus anos de serviço.”

Já no Brasil, a advogada Cristina Pena explica que a Constituição garante o direito à privacidade e que proibir relacionamentos amorosos no trabalho pode ser considerado abusivo. Ela observa: “Embora seja comum empresas estabelecerem regras de conduta, impedir que as pessoas se apaixonem viola direitos fundamentais.” O advogado Ronaldo Ferreira Tolentino acrescenta: “Regulamentar fora do ambiente de trabalho invade a privacidade e é uma forma de invasão dos direitos pessoais do empregado.”

Reflexões sobre ética e limites nas empresas

O episódio da Nestlé reacende o debate sobre os limites entre vida pessoal e atividades profissionais, especialmente em altos cargos. A legislação brasileira, até o momento, não possui regras específicas sobre relacionamentos amorosos no trabalho, mas recomendações internas buscam equilibrar privacidade e ética empresarial.

Segundo especialistas, o respeito às normas internas é essencial, mas deve sempre respeitar os direitos individuais. A expectativa é de que essa situação leve a uma reflexão mais ampla sobre os limites éticos nas organizações.

Para saber mais, acesse o artigo completo no G1.

Com informações do Jornal Diário do Povo