Custo do crédito atinge maior patamar desde 2017 no Brasil
O Índice de Custo do Crédito (ICC), calculado pelo Banco Central (BC), atingiu em 2025 o seu maior nível desde o início da série histórica, chegando a 23,40% ao ano em agosto. Este valor supera o recorde anterior de 22,98%, registrado em fevereiro de 2017, indicando um cenário de elevação contínua nas taxas de juros e custos de financiamento.
Fatores que impulsionam a alta do ICC
O aumento do ICC reflete, principalmente, a política monetária do Banco Central, que elevou a taxa Selic para 15% ao ano em 2025, sem previsão de redução. Segundo o BC, essa política tem impacto direto nas tarifas de crédito, especialmente nas modalidades mais sensíveis às variações de juros, como crédito pessoal não consignado, cheque especial e cartão de crédito rotativo.
“O aumento das taxas de juros pode pressionar o orçamento de famílias e empresas, especialmente aquelas mais expostas a modalidades de crédito com taxas flutuantes ou prazos curtos”, afirmou o BC. A autoridade monetária também destacou que o comprometimento da renda das famílias com dívidas alcançou 27,9% em julho, e o endividamento total corresponde a 48,6% da renda.
Adversidades no sistema financeiro
O BC explica que o crescimento do ICC também está ligado ao aumento da percepção de risco no sistema financeiro brasileiro, que leva à elevação das taxas de juros cobradas pelas instituições de crédito. Essas condições se refletem na deterioração das condições de oferta de crédito e na crescente inadimplência, especialmente entre famílias e pequenas empresas.
Na composição do índice, modalidades como crédito pessoal não consignado, cheque especial e cartão de crédito rotativo tiveram alta mais intensa, sendo segmentos mais sensíveis às condições do mercado e à política de juros. Mesmo o crédito habitacional, geralmente mais subsidiado, apresentou aumento de custos, embora de forma menor.
Impacto na inadimplência e na economia
Dados recentes da Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito (PTC), divulgada pelo BC em junho, indicam que a inadimplência subiu em todos os segmentos, refletindo o cenário de juros elevados. Segundo o estudo, o aumento na inadimplência atingiu 30,4% das famílias brasileiras em agosto, o maior índice desde dezembro de 2024, e o percentual de famílias sem condições de pagar dívidas atrasadas chegou a 12,8%.
O endividamento doméstico também permanece elevado, atingindo 78,8% dos lares — maior nível desde novembro de 2022. O aumento do custo do crédito deve desacelerar o consumo e os investimentos no país, influenciando na atividade econômica de forma negativa.
Entenda a dinâmica das taxas de juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
- Decisões sobre o ajuste da Selic são tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que busca evitar a alta dos preços.
- Elevações na Selic tendem a reduzir o consumo e os investimentos, causando diminuição da atividade econômica e redução de preços.
- Sendo assim, o crédito fica mais caro, dificultando o acesso ao financiamento e afetando o crescimento econômico.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou recentemente que acredita que os juros devem começar a cair em 2026, embora o atual patamar elevado do ICC deva permanecer enquanto as taxas de juros permanecerem altas. Haddad destacou que o fator fiscal não explica sozinho os juros altos no Brasil, indicando outros motivos estruturais.
Desde o início de 2025, o BC elevou a taxa básica de juros em quatro ocasiões, saindo de 12,25% ao ano em janeiro para 15% ao ano em agosto. Essa trajetória contínua de altas reflete as preocupações com a inflação e a necessidade de contenção dos preços no país.
Mais informações podem ser acompanhadas na fonte original.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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