Fila para realização de mutirão de cirurgia vascular no HGV - Fotos: Divulgação

CRM-PI interdita e suspende mutirão de cirurgia vascular no HGV

Os conselheiros e o médico fiscal do CRM-PI fizeram uma fiscalização em um mutirão de cirurgia vascular que está sendo realizado nas dependências do Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina, com contratação pelo Governo do Estado, e uma série de irregularidades foram constatadas, o que coloca em risco a saúde dos pacientes que estão sendo atendidos.

De acordo com o CRM-PI, as irregularidades ferem várias normas, como o Código de Ética Médica, resoluções do CFM e a Resolução CRM-PI nº 98/2019, que trata sobre mutirões. Diante disso, o CRM-PI decidiu, em reunião de plenária, pela interdição ética, suspendendo as atividades do mutirão, não podendo nenhum médico realizar qualquer procedimento.

O CRM-PI informou que também encontrou várias irregularidades no mutirão de cirurgia vascular que aconteceu no Hospital Regional de Campo Maior, onde, entre outras irregularidades, não havia responsável técnico e nem o diretor técnico da empresa que realiza os procedimentos.

“Entre as inconsistências encontradas nesse mutirão do HGV, que está acontecendo neste mês de fevereiro,, estão a falta do coordenador técnico do mutirão com RQE na especialidade, que é obrigatório; não foi informado ao CRM-PI os médicos participantes do mutirão; não consta Certificado de Regularidade; nos prontuários não constam: horário de atendimento e nem qual ato médico foi executado, o histórico de doenças dos pacientes, nem histórico familiar quanto a varizes e outras enfermidades, exames físicos e nem complementares, também não foi realizado exame de estado mental, nem informações sobre prognóstico e sequelas”, explica o CRM-PI.

Conselheiros do CRM-PI em reunião no HGV

Segundo o CRM-PI, o mutirão de varizes funciona apenas de forma unilateral e não fornece nenhum outro meio de tratamento além da escleroterapia com polidocanol, que é o procedimento para tratamento das veias varicosas e da insuficiência venosa crônica dos membros inferiores. Assim, aos pacientes não é fornecido e nem orientado o retorno para avaliação com especialista vascular após o procedimento.

“Não havia contrato com hospital de retaguarda, em casos de intercorrências. A equipe de fiscalização verificou que vários pacientes pós-operados ainda estavam no local e não tinham um termo com orientações a seguir e nem receberam nenhuma orientação sobre retorno ou sobre condutas em complicações operatórias, ou seja, não há protocolo pré, per e pós-operatório, o que é proibido”, frisa.

O CRM-PI afirmou que todos os procedimentos eram feitos em uma única sala com nove leitos, sem biombos, com alguns pacientes, homens e mulheres, necessitando ficar apenas com roupa íntima e com uma bata descartável semitransparente, sem conforto térmico e acústico. No local de realização dos procedimentos não tinha cardioversor, apenas DEA.

Pacientes em enfermaria do HGV

“Para muitos pacientes, o primeiro contato com um cirurgião vascular aconteceu na maca no local onde iria fazer o procedimento cirúrgico, não receberam explicações sobre possíveis outros tratamentos, nem sobre riscos e complicações. Todos entravam na sala com solicitação de US Doppler de membros que não era feita. O US era realizado apenas para guiar punções de veias que receberiam o polidocanol” afirma.

“O CRM-PI é o órgão supervisor e disciplinador da ética médica e a Resolução CRM-PI 98/2019 e outras normas garantem ao Conselho fiscalizar e coibir que mutirões tragam risco para a saúde da população. Assim, além de suspender mutirões que apresentem irregularidades, também pode abrir processo ético-disciplinar contra os médicos que estejam atuando nesses serviços sem a observância de todas as normas éticas”, completa.

Caso os médicos tenham dúvidas, procurem se informar sobre as resoluções de que tratam sobre o tema e também entrem em contato com o Departamento Jurídico para mais informações (86) 3216-6100.

Pacientes nos corredores do HGV

Com informações da Ascom

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