Coreia do Sul alerta os EUA sobre risco aos investimentos após detenção de trabalhadores

A Coreia do Sul manifestou profunda preocupação com a detenção de centenas de trabalhadores sul-coreanos na fábrica de baterias da Hyundai e LG Energy, na Geórgia, que resultou na repatriação de todos eles nesta semana. O episódio trouxe tensões bilaterais e coloca em risco os planos de expansão empresarial do país na América do Norte.

Crise diplomática e impacto nos investimentos

O presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, afirmou nesta quinta-feira que a detenção tumultuada, durante uma operação de imigração, abalou a confiança dos investidores no mercado americano. “Isso pode ter um impacto significativo nos futuros investimentos diretos nos EUA”, declarou em entrevista coletiva em Seul.

Ele relatou que os trabalhadores, enviados temporariamente para instalação de equipamentos, foram presos sob dificuldades recorrentes na obtenção de vistos, sob a acusação de imigração irregular. Segundo Lee, a ação ocorreu num contexto de tensões políticas, envolvendo a ampliação do protecionismo americano com tarifas e restrições comerciais.

Reação da Coreia do Sul e negociações

O governo de Seul está atualmente negociando com Washington para solucionar a crise de vistos, seja ampliando cotas ou criando novas categorias de permissão. O presidente sul-coreano também destacou que a partida originalmente prevista para quarta-feira foi adiada ao pedido dos EUA, após Donald Trump solicitar a liberação dos detidos e a possibilidade de eles permanecerem no país.

As imagens de trabalhadores algemados circularam amplamente na Coreia do Sul, provocando grande comoção e críticas à operação. O ministro das Relações Exteriores, Cho Hyun, reuniu-se com o secretário de Estado americano, Marco Rubio. O diplomata elogiou a resiliência da aliança entre os países, enquanto Cho destacou a gravidade da situação, qualificando-a como preocupante e de difícil resolução.

Consequências para os negócios sul-coreanos e a política energética

O episódio ameaça comprometer bilhões de dólares em planos de investimentos de conglomerados sul-coreanos nos EUA, especialmente na área de manufatura de tecnologia e automóveis. Lee indicou que as dificuldades com vistos faz os empresários reconsiderarem os riscos de estabelecer fábricas na América do Norte, reforçando as dúvidas sobre o clima de negócios.

Além disso, o presidente afirmou que a política de energia do país prioriza o desenvolvimento de energias renováveis, descartando a expansão de usinas nucleares devido às dificuldades de localização. Energia solar e eólica são apontadas como as principais alternativas para ampliar a geração de eletricidade na Coreia do Sul.

Perspectivas para a relação bilateral e estabilidade na Península

A crise ocorre em um momento delicado, poucas semanas após uma cúpula entre Trump e Lee, que reforçou seus laços econômicos e de segurança. A tensão com os EUA, no entanto, pode dificultar futuras negociações, sobretudo na questão comercial e de investimentos.

O episódio evidencia a fragilidade do equilíbrio diplomático na relação entre as duas nações, enquanto a Coreia do Sul reforça sua busca por alternativas diplomáticas, incluindo negociações sobre cotas de vistos e categorias especiais para trabalhadores temporários.

Para especialistas, a estabilidade na Península Coreana também depende de avanços nas negociações entre Pyongyang e Washington, além de uma postura mais equilibrada na política de imigração e negócios. Seul destaca que o apoio dos EUA é fundamental para garantir a paz e o desenvolvimento econômico na região.

Fonte: O Globo

Com informações do Jornal Diário do Povo

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