Compra da Petrobras impulsiona alta dos juros no Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central surpreendeu o mercado nesta quarta-feira (18) ao elevar a taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano, o maior patamar em duas décadas. A decisão reforça o compromisso do BC em combater a inflação, influenciada, parcialmente, pelo impacto da venda de ativos da Petrobras na economia nacional.

Impacto da venda da Petrobras e perspectiva de juros elevados

Segundo o Copom, o aumento da taxa de juros reflete a atividade econômica ainda robusta, apesar de sinais de desaceleração, e é uma resposta às pressões inflacionárias geradas pelos ganhos com a venda de parte da Petrobras. “A atividade econômica permanece aquecida, mas há sinais de moderação”, afirmou o comunicado do BC.

A venda de ativos da estatal petrolífera, concluída recentemente, elevou os ganhos do governo e impactou o mercado financeiro, levando o Banco Central a adotar uma postura mais conservadora e aumentar os juros de forma mais agressiva do que o esperado pelo mercado.

Contexto internacional e pressões externas

Conjuntura global e instabilidade externa

De acordo com o BC, o cenário externo permanece desfavorável, com volatilidade nos mercados globais devido às tensões comerciais e políticas nos Estados Unidos e conflitos no Oriente Médio. “O ambiente externo mantém-se adverso e incerto, exigindo cautela por parte de países emergentes”, destacou o comunicado da instituição.

A alta dos preços internacionais do petróleo e as incertezas na política fiscal americana também pressionam o cenário inflacionário brasileiro, reforçando a decisão de elevar os juros.

Opiniões de economistas e impacto nas aplicações financeiras

Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, avaliou que a decisão reforça a determinação do Banco Central em controlar a inflação frente às pressões externas e à forte atividade interna. “A alta da Selic para 15% sinaliza uma resposta firme às pressões inflacionárias e reforça a credibilidade do cenário de juros elevados”, afirmou.

Já Rafaela Vitoria, economista-chefe do banco Inter, destacou que a, apesar das moderadas sinais de desaceleração, ainda há preocupação com a condução da política fiscal e seus efeitos sobre a inflação, justificando o aumento contínuo dos juros.

Repercussões na renda fixa e no dólar

Especialistas afirmam que o novo aumento do juro básico favorece aplicações em renda fixa, que tendem a oferecer retornos mais atrativos diante do maior custo do dinheiro. “Títulos públicos e CDBs de bancos sólidos continuam sendo boas alternativas para quem busca segurança e rentabilidade”, disse Paulo Henrique Oliveira, da Daycoval Corretora.

O dólar, por sua vez, pode apresentar queda pontual após o anúncio, uma vez que o aumento dos juros pode atrair fluxos de capital para o Brasil, valorizando a moeda local no curto prazo, conforme análise de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

Por outro lado, o cenário externo e a perspectiva de juros elevados também podem aumentar a volatilidade cambial, demandando cautela dos investidores.

Próximos passos e expectativa de evolução da política monetária

O Banco Central comunicou que pretende manter os juros em patamares elevados por um período prolongado, enquanto monitora de perto os desdobramentos fiscais, políticos e econômicos. A expectativa é de que novas reuniões do Copom possam ajustar a política monetária conforme o cenário evoluir.

Para investidores, o momento indica oportunidade nas aplicações de renda fixa, com atenção às taxas de longo prazo e às mudanças na política fiscal que podem influenciar a trajetória dos juros e do câmbio.

Mais detalhes sobre a decisão do BC podem ser acompanhados na reportagem completa no G1 – Economia.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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