Como a IA e as redes sociais podem afetar o cérebro e o bem-estar
Pesquisas recentes mostram que o uso excessivo de inteligência artificial e redes sociais pode estar associado ao declínio de habilidades cognitivas, especialmente entre crianças e adolescentes. Especialistas alertam para a necessidade de uso consciente dessas tecnologias.
Impacto da IA na aprendizagem e na memória
Um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) analisou como ferramentas como o ChatGPT podem influenciar a capacidade de escrita e retenção de informações. Os resultados indicam que estudantes que dependem da IA apresentam atividade cerebral menor durante tarefas de redação, além de dificuldades em recordar trechos de seus textos.
Segundo a pesquisadora Nataliya Kosmyna, líder do estudo, “se você não se lembra do que escreveu, você não sente que o texto é seu. Será que você realmente se importa?”, questionando os efeitos de um uso excessivo de IA na formação da memória.
Redes sociais e o declínio em leitura e memória
Outro estudo, conduzido pela Universidade da Califórnia, evidencia que crianças que usam redes sociais por mais de uma hora por dia têm desempenho inferior em testes de leitura, vocabulário e memória. Os pesquisadores associam o aumento do uso de aplicativos como TikTok e Instagram a um declínio no desenvolvimento de habilidades cognitivas.
De acordo com o pediatra Jason Nagata, “cada hora que uma criança passa rolando o feed desses aplicativos é uma hora a menos dedicada a atividades mais enriquecedoras, como a leitura ou o sono.”
Consequências na saúde mental e o fenômeno do “brain rot”
O termo “brain rot” (apodrecimento cerebral), definido pela Oxford University Press como o dano causado pelo consumo de conteúdo de baixa qualidade, foi eleito a palavra do ano de 2024. Especialistas relacionam o fenômeno ao impacto negativo de aplicativos de mídia social na atenção e na compreensão.
Segundo estudos, o uso intensivo dessas plataformas está relacionado à diminuição do desempenho em testes de leitura e linguagem, além de aumento de condições como ansiedade e depressão.
Uso consciente e estratégias para uma relação saudável com tecnologia
Apesar de as evidências sugerirem uma correlação entre uso de redes sociais e declínio cognitivo, especialistas recomendam ações práticas. Entre elas, criar zonas livres de telas em casa, como quartos e refeições, e limitar o tempo de uso dos aplicativos.
Para usar a IA de forma mais saudável, pesquisadores sugerem que ela seja uma ferramenta de ajuda e não substituta do esforço próprio. Um estudo do MIT demonstra que quem tenta primeiro fazer tarefas sozinho e usa a IA posteriormente consegue manter maior atividade cerebral e melhor desempenho.
Reflexões sobre o futuro e o papel da educação
As dúvidas sobre o impacto das novas tecnologias reforçam a necessidade de investir na formação de habilidades de leitura, memória e pensamento crítico. Além disso, reforçaram-se as preocupações com a crescente desconfiança na educação, agravada pelo uso indiscriminado de IA e redes sociais.
Embora as empresas de tecnologia, como Google, Meta e TikTok, não tenham se pronunciado oficialmente sobre esses estudos, a comunidade acadêmica reforça a urgência de pesquisas que orientem o uso responsável das tecnologias, especialmente entre os mais jovens. Como destacou Melumad, professora da Wharton, “o uso passivo dessas ferramentas pode prejudicar a capacidade de pensar por si mesmo.”
Para mais informações, acesse o artigo completo no Globo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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