Clima favorável pode ajudar a reduzir juros no Brasil em 2026
Com a previsão de que o clima em 2026 deve se manter sob controle, especialistas e o Banco Central consideram que a estabilidade na produção agrícola pode ajudar a diminuir a inflação e, assim, facilitar a redução da taxa de juros no Brasil. Essa expectativa ocorre após um 2025 de safra recorde e condições climáticas favoráveis que sustentaram a inflação até aqui.
Impacto do clima na inflação e na política de juros
A inflação registrada nos últimos 12 meses, de 4,46% em novembro, ainda está acima da meta central de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Essa pressão inflacionária é parcialmente impulsionada pelos preços de alimentos, que representam uma parcela importante do índice.
De acordo com o Relatório de Política Monetária do BC, a desaceleração da inflação em 2025 foi impulsionada principalmente pela apreciação do real e por condições climáticas que favoreceram a produção de alimentos. “A gente supõe que o fenômeno La Niña moderado, sazonalidade usual no primeiro trimestre, e a recuperação de médias históricas de clima devem manter condições de produção favoráveis em 2026”, explicou Diogo Abry Guillen, diretor de Política Econômica do BC.
O papel do IPCA na definição dos juros
- O IPCA, calculado pelo IBGE desde 1979, é o principal indicador da inflação oficial no Brasil, utilizado pelo Banco Central para ajustar a taxa básica de juros, a Selic.
- Ele mede a variação mensal de preços em uma cesta de produtos e serviços abrangendo transporte, alimentação, saúde, habitação, entre outros, em áreas urbanas do país.
- Hoje, a taxa básica de juros está em 15%, após decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em sua última reunião, no dia 10.
Perspectivas climáticas e produção agrícola para 2026
O cenário para o clima em 2026 é de estabilidade, segundo Guillen, que acredita que um fenômeno moderado de La Niña deve prevalecer, sem causar impacto negativo na produção agrícola. Essas condições sustentam as projeções de que a safra do próximo ano será menor do que a recorde de 2025, que atingiu 345,9 milhões de toneladas, ante 292,7 milhões em 2024.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima uma safra de 335,7 milhões de toneladas em 2026, o que representa uma redução de 2,95% em relação ao recorde do ano anterior. Apesar da diminuição, a expectativa é de que essa menor safra não comprometa o crescimento econômico e a estabilidade de preços.
Desafios e projeções para a inflação em 2026
Com o controle climático esperado, o Ministério da Fazenda projeta uma inflação de 3,5% para 2026, enquanto o mercado financeiro, pelo boletim Focus, revisou a expectativa para 4,10%. Os fatores de alta continuam sendo os preços de alimentos, que tiveram alta de 7,69% em 2024, influenciando no índice geral. Essa expectativa de inflação mais baixa pode abrir espaço para o Banco Central reduzir a taxa de juros nas próximas reuniões.
O ministro da Fazenda destacou que, apesar do cenário favorável, o movimento de redução da Selic dependerá do cumprimento da meta inflacionária e do alinhamento das condições econômicas.
Impactos econômicos e perspectivas futuras
A estabilidade climática e a redução prevista na inflação dão suporte à possibilidade de queda dos juros, o que pode estimular o crescimento econômico, investimentos e o consumo no país. Ainda assim, o BC alerta que a safra de 2026 não deve ser tão robusta quanto a de 2025, e que o cenário econômico global, além de fatores internos, continuará influenciando as decisões de política monetária.
Segundo Guillen, a expectativa é de que o barateamento de alimentos e a manutenção do clima favorável contribuam para uma trajetória de juros mais moderada, beneficiando o mercado e os consumidores brasileiros.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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