Cláudio Castro enfrenta reveses em sua equipe política antes de julgamento no TSE
O clima no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, está tenso. Às vésperas de ser julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por envolvimento no escândalo do Ceperj, o governador Cláudio Castro (PL) enfrenta um momento delicado com a saída de dois importantes figuras de sua equipe: o marqueteiro Paulo Vasconcellos e o chefe de gabinete Rodrigo Abel. Ambas as saídas podem representar um risco significativo à gestão e as futuras ambições políticas do governador.
Descontentamento entre os estratégicos
Paulo Vasconcellos, marqueteiro da campanha de 2022, anunciou sua saída após uma conversa com Castro no mês passado. Ele deixa o cargo sem ter conseguido implementar uma campanha eficaz de comunicação. A proposta de Vasconcellos focava na divulgação de realizações do governo por meio de vídeos curtos, mas, segundo muitos analistas, a estratégia não teve o retorno esperado. Além disso, uma pesquisa realizada pelo instituto Quaest revelou que 48% dos eleitores desaprovavam a gestão de Castro, enquanto apenas 42% a aprovavam.
Na verdade, o clima entre Castro e Vasconcellos já havia se deteriorado anteriormente. Em 2024, houve um pequeno desentendimento na campanha de Alexandre Ramagem (PL) contra Eduardo Paes, o que revelou tensões na equipe. Apesar do histórico positivo na campanha contra Marcelo Freixo e Rodrigo Neves, onde Vasconcellos ajudou a contornar a percepção negativa de Castro sobre sua gagueira, a confiança entre eles não se manteve nas situações críticas.
Saída do chefe de gabinete e promessas não cumpridas
Por sua vez, Rodrigo Abel, que exercia um papel crucial como chefe de gabinete, indicou que também deixará o governo. O descontentamento de Abel gira em torno de promessas não cumpridas em relação à sua futura nomeação como conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE). O acordo verbal, que previa a retirada de outro conselheiro para assegurar um lugar para ele, não se concretizou, deixando o chefe de gabinete desapontado e considerando sua saída definitiva até o fim do mês.
Abel saiu frustrado ao perceber que os políticos ao seu redor — inclusive Castro e Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) — não estavam cumprindo a imposição. Sua decisão de deixar o governo é mais um sinal de instabilidade dentro da gestão de Castro, que gostaria do apoio de Abel e Vasconcellos para conduzir a campanha de Bacellar ao governo nas próximas eleições.
Consequências para a política fluminense
Com a saída de dois alicerces em sua estrutura política, Castro terá que encontrar rapidamente novos aliados e conselheiros que possam auxiliá-lo em um momento crítico, especialmente com a proximidade das eleições e a expectativa de um cenário turbulento nas relações políticas no Estado. Recentemente, Bacellar teve que lidar com um mal-estar após ver o prefeito Eduardo Paes se aproximar da política lulista, o que pode afetar ainda mais a imagem e a credibilidade do governo estadual.
Além disso, enquanto Castro se prepara para enfrentar a situação no TSE e nas próximas eleições, a pressão aumenta para que ele reavalie sua abordagem política e busque fortalecer sua base. Com a ausência de duas figuras tão importantes, tanto da comunicação quanto da articulação política, o governador do Rio de Janeiro verá sua posição cada vez mais precarizada.
O cenário é preocupante, e enquanto isso, Castro se prepara para um descanso de 20 dias. O deputado Bacellar assumirá interinamente o governo, uma oportunidade que poderá ser utilizada por ele para intensificar seus esforços e ganhar notoriedade eleitoral enquanto Castro ainda tenta reverter a maré de descontentamento em sua gestão.
Com a política fluminense passando por um momento complicado, o futuro de Cláudio Castro nos próximos meses será crucial para entender o cenário do Estado e as alianças que se formarão antes das eleições, bem como as manobras que podem acontecer dentro do Palácio Guanabara.
As movimentações políticas em torno de Castro, Vasconcellos e Abel são apenas o começo de um ciclo que promete ser denso pela frente. Resta saber se ele conseguirá estabilizar seu governo ou se enfrentará mais uma crise política em um ambiente já conturbado.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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