Cisão na Stellantis é risco mencionado por ex-CEO, afirma novo livro
Carlos Tavares, ex-diretor executivo da Stellantis, revelou em um livro publicado nesta semana que a possível cisão do grupo automotivo é uma hipótese real, diante das tensões internas e do cenário global desafiador. Ele afirmou que as operações francesas, italianas e americanas podem seguir caminhos separados se a fabricante dos Jeep e Fiat não resistir às pressões de diferentes interesses nacionais.
Risco de separação devido às pressões internacionais
Segundo Tavares, a sobrevivência do grupo dependerá da atenção contínua à unidade, pois o desequilíbrio entre os mercados da Itália, França e Estados Unidos pode levar à fragmentação. “Estamos preocupados que o equilíbrio entre esses países se quebre”, disse o ex-CEO em seu livro, publicado na França na última quinta-feira. A fragmentação poderia facilitar uma futura venda de partes do negócio a atores chineses ou outros investidores internacionais.
Contexto da formação da Stellantis e seus desafios
A Stellantis foi criada em 2021, pela fusão da italiana Fiat Chrysler com o grupo francês PSA. Com 14 marcas — incluindo Citroën, Opel, Dodge, Alfa Romeo e Maserati — a gigante enfrenta dificuldades devido à estagnação do mercado, à crescente concorrência dos fabricantes chineses e às tensões geopolíticas, que impactam suas operações globais.
Impactos da liderança de Tavares na empresa
Desde sua chegada, Tavares promoveu cortes de empregos e levou a empresa a transferir operações de produção para países de menor custo, como Marrocos, o que gerou oposição sindical e descontentamento governamental na Itália. Sua gestão também foi marcada por uma estratégia de redução de custos que, embora visasse melhorar a competitividade, resultou em problemas de qualidade e no aumento da competição com fabricantes chineses, como a BYD.
Perspectivas de futuro
O ex-CEO aponta que a separação das operações europeias e americanas poderia acontecer se as tensões internas continuarem a crescer. Uma possível solução, como sugeriu, seria uma oferta de compra de uma empresa chinesa pelo negócio europeu, enquanto os Estados Unidos reverteriam ao controle dos investidores locais, cenário semelhante ao que a General Motors vem adotando nos últimos anos.
Antonio Filosa, atual CEO da Stellantis, assumiu a liderança em junho passado e tenta estabilizar o grupo, que enfrenta o impacto das tarifas impostas pelos EUA e da suspensão temporária de fábricas na Europa. Ele também anunciou planos de investir cerca de US$ 13 bilhões nos EUA, buscando fortalecer a presença da companhia no mercado mais lucrativo.
Repercussões e opiniões
Na França e na Itália, os sindicatos expressaram preocupação com as possíveis mudanças e reestruturações, sobretudo após o fechamento de fábricas europeias. Apesar disso, a diretoria do grupo prefere manter o foco na busca por estabilidade e em estratégias que promovam a competitividade internacional.
Futuro incerto para a gigante automotiva
Conforme Tavares avalia, a possibilidade de uma cisão não é a única alternativa, mas a crescente pressão por parte de atores globais e as tensões internas podem acelerar mudanças estruturais significativas na companhia.
“Um cenário possível — e há muitos outros — seria um fabricante chinês fazer uma oferta pelo negócio europeu, enquanto os americanos reassumiriam as operações na América do Norte”, afirmou o ex-CEO. Essa estratégia permitiria que cada divisão focasse em seu mercado local, como tem feito a General Motors desde os últimos anos.
Para mais detalhes, consulte a reportagem completa no O Globo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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