Cid deve prestar novo depoimento à PF sobre perfil no Instagram
A recente polêmica envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-assessor de Jair Bolsonaro, traz à tona questões delicadas sobre a integridade das delações premiadas no Brasil. Cid está sob investigação por supostamente ter utilizado um perfil no Instagram para discutir detalhes da sua delação, o que violaria o sigilo do acordo. Em resposta a essas alegações, a defesa de Cid está elaborando um relatório que visa contestar as acusações e esclarecer a origem dos acessos à conta.
A defesa de Mauro Cid se mobiliza
A defesa do tenente-coronel Cid está preparando um documento que busca provar que, embora a conta do Instagram tenha sido registrada com um e-mail associado a ele e um número de telefone vinculado à sua esposa, os acessos ocorreram em locais que não podem ser atribuídos a Cid. O acesso a partir de Copenhagen, na Dinamarca, levanta suspeitas sobre a possibilidade de a conta ter sido manuseada por terceiros.
Depoimentos e investigações em andamento
Após as acareações que ocorreram recentemente, Cid deve ser convocado novamente para prestar depoimento à Polícia Federal, onde um novo esclarecimento será exigido em relação às mensagens atribuídas a ele. Na sua primeira oitiva, ele já havia negado ter discutido a delação com o advogado Eduardo Kuntz, que representa o ex-assessor Marcelo Câmara.
Detalhes do ofício da Meta ao STF
A Meta, empresa-mãe do Instagram, entregou dados ao Supremo Tribunal Federal (STF) que incluem informações sobre a conta em questão, como os IPs que acessaram a conta e a data de registro. O perfil, criado em 2005, utiliza o e-mail “maurocid@gmail.com” e informações pessoais, como a data de nascimento do militar.
Com base nas informações obtidas, a defesa de Cid argumenta que ele não poderia ter acessado a conta em certas datas, como 22 de março de 2024 e 9 de junho de 2025, momentos em que ele estava ocupado com audiências no STF.
Interrogatório e evidências contraditórias
No interrogatório ocorrido em junho, o advogado de Bolsonaro questionou se Cid tinha conversado com alguém sobre a delação via Instagram. Cid negou as acusações, incluindo um suposto contato com o usuário “GabrielaR702”, que, segundo ele, poderia ser a conta de sua esposa, mas para a qual não poderia confirmar a titularidade.
Dias depois desse interrogatório, informações divulgadas pela revista Veja indicaram que mensagens sobre a delação estariam ligadas a esse perfil. Os advogados de Cid negaram a sua autoria e solicitaram a investigação da conta, o que foi atendido pelo ministro Alexandre de Moraes, que exigiu que a Meta fornecesse os dados da conta.
Implicações legais e desdobramentos
No entanto, a situação se complica com novas revelações. O advogado Eduardo Kuntz estava em contato com Cid através daquela conta e apresentou mensagens que poderiam comprometer ainda mais a posição do tenente-coronel. Marcelo Câmara, ex-assessor presidencial, é um dos réus do chamado “núcleo dois” do atentado golpista, enquanto Cid e Bolsonaro estão relacionados ao “núcleo crucial” da alegada organização criminosa que teria tentado um golpe de Estado no final de 2022.
Na última quarta-feira, Moraes autorizou a prisão de Câmara e determinou que ele e Kuntz sejam investigados por obstrução de Justiça, indicando que as práticas deles “transbordaram ilicitamente das obrigações legais de advogado”.
Os dados enviados pela Meta ainda revelam comunicações entre Kuntz e o perfil “GabrielaR702”, além de outros envolvidos na defesa de Bolsonaro, o que poderá ter grandes consequências em relação às investigações e ao processo judicial em curso.
O desfecho desse caso é aguardado com grande expectativa, tanto pela relevância política quanto pelas implicações no sistema judicial brasileiro. O próximo depoimento de Mauro Cid à PF deve trazer mais luz a essa confusa trama que envolve a política, a justiça e as redes sociais.
Continue acompanhando as investigações e os desdobramentos desse importante caso para entender melhor o papel das redes sociais na política brasileira contemporânea.
Com informações do Jornal Diário do Povo
Publicar comentário