Candidatos usam truques para enganar triagem por IA em currículos

Um recrutador britânico descobriu uma tática inovadora usada por candidatos para escapar da triagem automatizada: inserir comandos ocultos no currículo destinados ao chatbot da IA. A técnica, que tem se tornado comum em busca de vaga de emprego, consiste em esconder instruções no texto, muitas vezes usando cores ou códigos presentes nos metadados de fotos, na esperança de convencer o sistema de que o candidato é “excepcionalmente qualificado”.

A disputa entre humanos e máquinas na seleção

Empresas que utilizam IA para filtrar currículos, como a plataforma Greenhouse, estimam que 1% das candidaturas analisadas no primeiro semestre continham algum tipo de truque, refletindo um cenário de “Velho Oeste” na automação do recrutamento. Essas estratégias variam desde palavras-chave invisíveis até comandos complexos escondidos nos metadados de fotos de perfil, o que torna o processo mais difícil para os sistemas de detecção, embora as empresas estejam atualizando suas tecnologias para identificar essas manobras.

‘Prompts’ ocultos e códigos disfarçados

Segundo recrutadores e especialistas, inserir instruções que orientem a IA a favorecer determinados candidatos virou tendência, até mesmo um diferencial para alguns. Um exemplo recente foi de uma candidata que, ao descobrir a técnica, usou o ChatGPT para criar comandos que reforçavam sua avaliação positiva. Como resultado, conseguiu mais entrevistas e uma oferta para uma vaga na área médica, embora essa prática seja vista com ceticismo por recrutadores, como Natalie Park, da empresa de comércio eletrônico Commercetools, que rejeita candidaturas com textos ocultos.

As artimanhas mais elaboradas

Alguns candidatos já vão além ao esconder linhas de código dentro de metadados de fotos de perfil ou inserir comandos de múltiplas linhas para influenciar a classificação da IA, muitas vezes sem serem detectados por sistemas de checagem. Enquanto laboratórios e empresas aumentam a vigilância, há relatos de melhorias na prática de quem consegue burlar a triagem, incluindo uma recrutada que, com o auxílio do ChatGPT, conseguiu ser chamada para várias entrevistas após usar comandos escondidos no currículo.

Recrutadores e a questão da honestidade

Apesar do lado criativo, essa estratégia levanta debates éticos. Recrutadores como Natalie Park afirmam que preferem candidaturas honestas, mesmo que a competição com práticas fraudulentas seja cada vez mais acirrada. Muitos profissionais argumentam que o uso de inteligência artificial na triagem é uma evolução natural, na qual a transparência deve prevalecer. Ainda assim, a busca por estratégias para ‘enganar’ o sistema revela a dificuldade de conquistar atenção humana diante de processos altamente automatizados.

Impacto na experiência do candidato

Dados da ManpowerGroup indicam que a maioria dos candidatos ainda tenta usar truques para melhorar suas chances, com cerca de 10% das candidaturas analisadas contendo algum tipo de artifício oculto. Para alguns, essas táticas funcionam temporariamente, mas podem prejudicar a reputação caso sejam descobertas, além de refletir uma estratégia de curto prazo que não substitui a preparação adequada.

O futuro do recrutamento e a ética digital

A crescente adoção de IA traz desafios e oportunidades. Se por um lado candidatos buscam formas criativas de se destacar, por outro, as empresas reforçam a fiscalização para garantir processos justos e transparentes. Especialistas afirmam que esse cenário evidencia uma fase de experimentação, onde a maior prioridade deve ser a integridade e a ética na reputação profissional.

Para entender mais sobre o uso de IA na contratação e dicas de como se adaptar, acesse este artigo completo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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