BRB conquista aprovação do Cade para adquirir 58% do Banco Master

Na última terça-feira, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a aquisição de 58,04% do capital do Banco Master pelo BRB, operação que, apesar de aguardada, ainda depende da análise do Banco Central. Analistas avaliam que o processo deve enfrentar obstáculos na fase final.

Conseguiu a aprovação do Cade, mas o BC ainda analisa riscos

A compra do banco do Distrito Federal pelo banco público do Distrito Federal não revela uma concentração de mercado ou formação de um conglomerado financeiro, sustentam especialistas. Rafael Schiozer, professor de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirmou: “A decisão do Cade não surpreende, seria estranho se houvesse resistência, pois há pouca sobreposição entre as atividades das duas instituições”.

Segundo o Cade, a participação conjunta das partes em mercados com sobreposição horizontal ficou abaixo de 20%, limite considerado para evitar a presunção de posição dominante. Nas atividades de atuação vertical, a participação ficou aquém de 30%, indicando baixo risco de fechamento de mercado.

Obstáculos no aval do Banco Central por riscos elevados

Apesar de a aprovação do Cade ser um passo, o Banco Central (BC) deve ainda impor obstáculos à operação, principalmente pela presença de ativos de risco elevado no Banco Master, como precatórios, ações e participações societárias, com baixa liquidez e difícil precificação, alertam analistas.

Rafael Schiozer avalia que o BC pode não aprovar o negócio nas condições inicialmente anunciadas. “A questão principal é a estabilidade financeira, como o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) atuaria, e como seriam tratados os correntistas. O Master possui ativos altamente arriscados”, explica.

Desafios do Banco Master e impacto na operação

O Banco Master, liderado por Daniel Vorcaro, historicamente adotou uma estratégia agressiva, incluindo emissão de CDBs com retornos elevados e proteção do FGC, o que gerou dificuldades na honra de seus compromissos recentemente. Seus ativos, como precatórios e participações societárias, dificultam a avaliação de seu valor real.

O banco possui atualmente R$ 12,4 bilhões em CDBs a vencer até o fim de 2025, um patrimônio líquido de R$ 4,7 bilhões e ativos totais de R$ 63 bilhões, conforme balanço de 2024. A venda dos ativos ao BTG Pactual por R$ 1,5 bilhão, envolvendo recursos que Vorcaro pretende investir no Master, é vista como uma estratégia para melhorar a liquidez, mas também necessita da aprovação do BC e do Cade.

Perspectivas e próximos passos

O entendimento de fontes próximas ao BC é que a análise do negócio só será finalizada quando se resolver a questão dos ativos de risco elevado e a relação com a parte restante do perímetro de ativos do Master, estimado em aproximadamente R$ 33 bilhões. A operação está condicionada à aprovação de ambos os órgãos reguladores.

O consenso entre investidores é de que, embora o Cade tenha aprovado a operação, o Banco Central terá de analisar cuidadosamente os riscos, especialmente quanto à estabilidade financeira e à proteção dos clientes do Banco Master.

O Banco Master não comentou oficialmente a decisão, mas o caso deve avançar nas próximas semanas, com possíveis modificações na estrutura do negócio para atender às exigências do BC.

Para mais detalhes, consulte a matéria completa no jornal O Globo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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