Brasileira enfrenta dívidas de milhões desde a infância por fraude familiar
Renata Furst Galvão, hoje especialista em antifraude em Nova York, viveu uma infância marcada por cartas de cobrança que mal compreendia. Aos 6 anos, ela recebia notificações de dívidas não assumidas por ela, uma situação que só foi esclarecida aos 12 anos, quando descobriu que um parente havia autorizado o uso de seu nome em duas empresas falidas. Como consequência, seus débitos passaram a ser cobrados judicialmente, deixando um legado de nome sujo desde cedo.
Fraude e vulnerabilidade legal no Brasil
No Brasil, o Código Civil permite que menores de idade sejam sócios de empresas, desde que representados por responsáveis legais. No entanto, casos como o de Renata revelam vulnerabilidades na legislação e na fiscalização, que facilitam fraudes familiares. Dados da Serasa indicam que cerca de 250 mil menores de idade tiveram seus nomes envolvidos em dívidas nos últimos anos, número atribuído à falta de controle documental e às brechas legais.
A infância de ameaças e medo
Durante sua infância, Renata via adultos baterem à porta de sua casa, e sua mãe a instruía a se esconder. Aos 18 anos, ela enfrentou dificuldades para abrir uma conta bancária, impedida por registros de dívidas feitos em seu nome de forma fraudulenta. Como profissional, trabalhou 11 anos na África do Sul e hoje atua na Wall Street, mas seu passado de vulnerabilidade não a poupou de novas ameaças.
Reconhecimento de fraude na vida adulta
Mesmo após conquistar uma carreira internacional, Renata enfrentou problemas relacionados ao seu nome. Em uma ocasião, foi afastada por dois dias de suas funções após detectar uma tentativa de bloqueio judicial fraudulenta envolvendo seu nome em um site. “Fui retirada do trabalho por entender que se tratava de uma fraude antiga”, relembra.
Desafios de uma legislação frágil
Especialistas apontam que a legislação brasileira precisa de melhorias para proteger menores de idade de fraudes e usos indevidos de seus nomes. A ausência de controle eficiente aumenta o risco de vítimas como Renata herdarem dívidas de terceiros, muitas vezes sem nunca terem assinado qualquer documento. O avanço na fiscalização e maior rigor na documentação são passos essenciais para reduzir esses casos.
A história de Renata evidencia a importância de uma legislação mais rígida e de estratégias de fiscalização para evitar que menores sejam vítimas de fraudes financeiras familiares. Com a experiência de quem viveu na pele o impacto de uma dívida herdada, ela luta por maior conscientização e proteção para as próximas gerações.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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