Brasil reforça que Judiciário não entrará em negociação com EUA sobre tarifas

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou nesta quinta-feira que o Brasil não incluirá questões relacionadas ao Judiciário na negociação com os Estados Unidos sobre tarifas comerciais. Fávaro reforçou que o governo brasileiro permanece aberto ao diálogo, mas aspectos como a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) estão fora da pauta de negociações.

Posição firmada do governo brasileiro

Durante entrevista ao GLOBO, Fávaro afirmou que “o Judiciário não vai para a pauta de negociação” e que “o que não é possível fazer, não será negociado”. Segundo ele, o foco do Brasil está em manter a discussão estritamente comercial, sem envolver aspectos políticos ou judiciários.

Efeito das tarifas e sobretaxa dos EUA

Após a imposição de uma sobretaxa de 50% em produtos brasileiros, como carne bovina, café e suco de laranja, Estados Unidos têm insistido em mudanças relacionadas ao Judiciário brasileiro, especialmente no Supremo Tribunal Federal. O presidente Donald Trump chegou a afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sendo perseguido pelo ministro Alexandre de Moraes, além de criticar a regulação de big techs americanas, que atuam em plataformas de internet.

Sanções e tensões diplomáticas

Na última sexta-feira, o governo americano suspendeu o visto de Moraes e outros magistrados do STF, além de manter a ameaça de novas sanções. Segundo interlocutores do governo brasileiro, as conversas entre as duas nações continuam, embora de modo reservado, e sem avanços significativos devido às tensões políticas.

Perspectivas para o agronegócio brasileiro

Apesar das dificuldades, Fávaro destacou que o Brasil tem buscado ampliar seus mercados internacionais. Desde o início do governo Lula, o país conquistou aproximadamente 400 novos destinos de exportação, como a China, que aumentou sua compra de carne brasileira de 40 para 90 plantas habilitadas — uma estratégia que tem sido fundamental para diversificar as exportações diante do cenário adverso com os EUA.

“Estamos em fase de conquistar mercados, mas a questão das tarifas americanas ainda demora a ser resolvida”, afirmou o ministro, ressaltando que produtos como café, suco de laranja e carne bovina podem levar mais tempo para retomar níveis normais de exportação.

Diálogo conturbado e futuro das negociações

Desde o início das medidas protecionistas de Donald Trump, o relacionamento entre Brasil e EUA apresenta dificuldades, com 11 rodadas de negociações até o momento. A postura agressiva dos americanos e tentativas de interferência em assuntos internos brasileiros empobreceram o diálogo bilateral, que agora ocorre de forma reservada, segundo fontes do governo brasileiro.

Autoridades brasileiras afirmam que, diferentemente de países como Reino Unido, Japão e Indonésia, que fecharam acordos exclusivamente comerciais, o Brasil evita incluir temas políticos nas negociações para evitar agravamentos na relação diplomática.

Mais detalhes sobre a postura do governo e os desdobramentos das negociações podem ser acessados no Fonte original.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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