Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifas de Trump, indica estudo
O Brasil enfrenta uma crescente tensão comercial com os Estados Unidos, que na próxima semana devem aplicar tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, a maior já anunciada por Donald Trump, faz parte da ofensiva comercial do governo americano contra diversos países e pode ter impactos econômicos severos para o país.
Previsões de impacto econômico
Segundo estudo realizado por economistas e especialistas em comércio internacional, o potencial de perda no PIB do Brasil com a implementação dessas tarifas pode chegar a R$ 175 bilhões, dificultando o crescimento econômico e aumentando a vulnerabilidade do país frente às disputas internacionais. A análise mostra que, além do prejuízo direto, a medida tende a prejudicar setores estratégicos e a gerar retração na balança comercial brasileira.
Reação do Brasil e estratégias possíveis
Até o momento, o governo brasileiro não anunciou uma resposta definitiva às tarifas, mas confirmou estar em negociações com os Estados Unidos a fim de evitar a implementação do tarifão de 1º de agosto. Especialistas destacam que a melhor estratégia para o Brasil seria uma postura firme de retaliação, já que a simples oferta de concessões tarifárias dificilmente convencerá o governo de Trump. Como afirma o economista paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia em 2008, “mostrar coragem e estar preparado para reagir pode ser mais eficaz do que fazer concessões”.
Retaliação ou negociação: qual caminho?
Krugman ressalta que o Brasil possui tarifas relativamente elevadas sobre produtos americanos, o que poderia facilitar negociações para reduzir ou adiar as alíquotas. No entanto, o economista acredita que uma postura de retaliação, além de ser uma estratégia válida, poderia acelerar o reconhecimento por parte dos EUA de que a tentativa de intimidar o Brasil não é efetiva a longo prazo. “Pode chegar um momento em que Trump perceba a futilidade de suas ações, o que poderia ocorrer por meio de retaliações brasileiras”, afirma.
Contexto internacional e alinhamentos políticos
Krugman também comenta que as decisões de Trump e sua política de tarifas violam acordos internacionais, refletindo uma postura de unilateralismo evidente dos Estados Unidos. Ele interpreta a relação do Brasil com o governo americano, destacando que a admiração de Trump pelo ex-presidente Bolsonaro e a postura agressiva de Washington têm um componente ideológico, sobretudo pelo alinhamento do Brasil com a China e os Brics. Segundo ele, a aplicação de tarifas também é uma forma de Trump demonstrar poder e manter sua base política.
O papel do Brasil na política global de inovação
O economista destaca o avanço do sistema de pagamentos PIX, criado pelo Banco Central, como um exemplo de inovação tecnológica brasileira que desperta interesse mundial e até irritação nas operadoras americanas de cartão de crédito, ameaçadas pela competitividade do sistema nacional. Krugman enxerga o PIX como uma inovação revolucionária, capaz de competir com o setor de criptomoedas e de transformar o cenário financeiro do país.
Perspectivas futuras e o cenário global
Krugman avalia que a atual fase de disputas comerciais e políticas representa uma mudança profunda na ordem mundial, com potencial impacto histórico semelhante às transformações pós-Segunda Guerra Mundial. Ele alerta que o risco de o governo americano se tornar mais autoritário aumenta, mas também acredita na possibilidade de reversão das tendências atuais, mediante eleições justas e fortalecimento das instituições democráticas, tanto no Brasil quanto nos EUA.
O economista reconhece a força da democracia brasileira na resistência a ataques autoritários e analisa que a postura do país na defesa de suas instituições é coerente com uma trajetória de fortalecimento institucional, diferente do que acontece na política americana, marcada por um padrão de retrocessos e ameaças à democracia.
Krugman encerra ressaltando que o momento é de grande indefinição global, e que a postura firme do Brasil pode influenciar positivamente na resistência aos ataques comerciais e políticos de Washington. Segundo ele, o país tem potencial para desempenhar um papel mais estratégico na região e no cenário internacional, caso continue a investir em inovação e na preservação de suas instituições democráticas.
Fonte: G1
Com informações do Jornal Diário do Povo
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