BC avalia período de testes para novo modelo de financiamento imobiliário

O Banco Central (BC) estuda a possibilidade de implementar um período de testes para o novo modelo de financiamento imobiliário com recursos da poupança, previsto para começar em 2026. A sinalização foi feita durante reunião com representantes do setor da construção civil nesta semana, com o objetivo de avaliar o impacto dessa mudança na disponibilidade de recursos e na concessão de créditos habitacionais.

Proposta de mudança no direcionamento dos recursos da poupança

A nova lógica prevê que, a cada real de financiamento habitacional concedido, o banco teria liberação do mesmo volume de recursos da poupança por um período de cinco anos. Após esse período, seria necessário conceder um novo crédito para renovar a permissão de uso livre dos recursos. Atualmente, 65% dos recursos captados pela caderneta de poupança obrigatoriamente destinam-se ao crédito imobiliário, enquanto 20% permanecem retidos no BC como depósito compulsório e os 15% restantes podem ser aplicados livremente pelos bancos.

De acordo com o diretor de Regulação do BC, Gilneu Vivan, a ideia do banco é alterar a lógica do direcionamento dessas reservas, de modo a estimular o crescimento do crédito imobiliário de forma mais dinâmica, sem comprometer a estabilidade financeira.

Período de testes e cautela na implementação

Os representantes do setor da construção, incluindo a Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic), a Associação de Incorporadoras (Abrainc) e o Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), sugeriram um período de teste utilizando 5 pontos percentuais dos recursos retidos no BC a partir de janeiro de 2026. Essa parcela seguiria a nova lógica de direcionamento, enquanto o restante continuaria sob o modelo atual.

Segundo Ely Wertheim, presidente executivo do Secovi-SP, essa fase experimental seria uma oportunidade de ajustar o sistema antes de sua implementação definitiva. “Acreditamos que a mudança representa uma modernização do sistema habitacional, mas ela precisa passar por uma fase de avaliação para evitar impactos adversos na disponibilidade de recursos para os projetos imobiliários”, afirmou.

Impactos e expectativas para o setor

A expectativa do BC e do Ministério das Cidades é que, com a liberação adicional de recursos, seja possível aumentar o volume de crédito imobiliário para até R$ 200 bilhões em dois anos, passando de R$ 90 bilhões atuais. A transição, segundo análise do banco, deve ocorrer de forma gradual, ao longo de um período de cerca de 10 anos, para garantir estabilidade no mercado.

O ministro das Cidades, integrantes do BC e representantes do setor discutiram também a possibilidade de atualizar o valor máximo dos imóveis financiáveis pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), atualmente de R$ 1,5 milhão, considerado defasado diante da valorização do mercado imobiliário.

Monitoramento e condicionantes

O diretor do BC reforçou que os recursos liberados deverão obrigatoriamente ser direcionados para financiamentos habitacionais, garantindo que esse recurso extra não seja desviado para outros fins. “A expectativa é de que haja maior volume de recursos a custos mais baixos, sem distorções ou cavalo de pau no sistema”, destacou Vivan.

O BC também informou que a implementação do novo modelo será monitorada de perto, com avaliações regulares para ajustar o sistema conforme os resultados obtidos na fase de testes. Os dados coletados em 2027 definirão a continuidade ou ajustes do novo formato.

Para o setor da construção civil, o período de testes representa uma oportunidade de adaptação às mudanças propostas, com atenção especial para a manutenção do volume de recursos disponíveis e o funcionamento do crédito imobiliário.

Mais detalhes sobre o cronograma e as regras do novo modelo devem ser divulgados pelo BC nos próximos meses, à medida que as discussões avançam.

Fonte

Com informações do Jornal Diário do Povo

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