Banco do Brasil reduz lucro e ajusta projeções em meio a cenário de inadimplência

O Banco do Brasil anunciou nesta quarta-feira (15) seu menor lucro ajustado em quase cinco anos, de R$ 3,8 bilhões, uma queda de 60% em relação ao mesmo período de 2024, refletindo desafios no mercado e aumento das perdas com créditos duvidosos.

Desafios financeiros e ajuste na política de dividendos

Segundo relatório divulgado pelo banco, as provisões para perdas com crédito cresceram mais de 100%, atingindo R$ 15,9 bilhões. Além disso, o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) recuou para 8,4%, o menor desde 2016, sinalizando dificuldades na rentabilidade. O banco também reavaliou sua política de distribuição de lucros, mantendo o payout em 30% para 2025, devido ao cenário de alta inadimplência no setor agrícola.

Expansão internacional e aquisições

Apesar dos desafios, o banco intensifica sua estratégia de expansão internacional. Entre julho de 2024 e agosto de 2025, o Banco do Brasil adquiriu diversas instituições financeiras e ativos no exterior, incluindo o banco de private equity Signal Capital, por cifras não reveladas, e o hotel cinco estrelas The Oitavos, em Cascais, por aproximadamente R$ 945 milhões, além de participações em bancos na Europa, como o FIS Privatbank, comprado por mais de R$ 125 milhões em 2023.

Impactos da inadimplência e estratégias de gestão

A inadimplência no setor agropecuário aumentou de 1,32% em 2024 para 3,49% neste ano, especialmente concentrada em grandes e médios produtores, enquanto a carteira de pequenos produtores permanece saudável, com desembolsos ativos. A presidente do banco, Tarsiana Medeiros, afirmou que a inadimplência está relacionada principalmente a grandes clientes e que há uma atenção especial à recuperação judicial de aproximadamente 808 devedores, com ações judiciais sendo preparadas contra escritórios de advocacia que orientam a entrada de produtores em recuperação judicial indevidamente.

Reação do mercado e perspectivas futuras

Após uma manhã de perdas, as ações do Banco do Brasil passaram a se valorizar, atingindo cerca de R$ 20,03, alta de 0,91%. Investidores já ajustaram suas expectativas para um lucro anual de cerca de R$ 4 bilhões, conforme aponta a análise da XP. O banco revelou ainda que, devido ao aumento do risco, reduzirá o payout para 30% neste ano e ainda avaliará uma eventual volta ao nível anterior em 2026.

O vice-presidente de Negócios de Atacado do banco, Francisco Lassalvia, destacou a relevância do comércio exterior para a margem de contribuição, que soma mais de R$ 3 bilhões nos últimos dois anos, além de afirmar que o banco monitora cuidadosamente as operações afetadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, com foco em redirecionar estratégias comerciais conforme necessidade.

Perspectivas de recuperação e estabilidade

Segundo a executiva, o banco mantém o foco na recuperação econômica e na estabilização dos resultados em 2025, sendo um ano de ajustes enquanto avalia estratégias para o próximo período. A presidente do banco também ressaltou que não há atuação do governo nem intenção de mudanças na cúpula da instituição, reiterando o compromisso de entregas de resultados consistentes.

As ações de crédito voltadas aos pequenos produtores seguem saudáveis, enquanto a inadimplência em regiões como Centro-Oeste e Sul ainda requer atenção especial. O banco reforça sua atuação na recuperação de grandes clientes inadimplentes, com medidas judiciais em andamento e monitoramento contínuo do risco setorial e macroeconômico.

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Com informações do Jornal Diário do Povo

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