Banco Central mantém juros em 15% e avalia cenário econômico com cautela

O Banco Central deve manter a postura de vigilância diante do cenário econômico atual, sinalizando que a primeira redução da taxa Selic pode acontecer em março, segundo a pesquisa do Boletim Focus. A instituição avalia o impacto das notícias mais positivas de inflação e atividade, mas permanece cautelosa quanto aos próximos passos na política de juros.

Expectativas para a redução da Selic

Segundo o Boletim Focus, a maioria dos participantes do mercado projeta que a Selic será reduzida em março de 2026 para 14,50%, embora uma parcela relevante ainda considere uma mudança já em janeiro. A estimativa de início do ciclo de queda caiu de 3,3% para 3,2%, com previsão de que a taxa atinja 12,25% ao final do próximo ano.

Reação do mercado e postura do BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve um tom firme na última semana, apesar de reconhecer avanços na inflação e na atividade econômica. O BC reduziu sua projeção de inflação para o horizonte relevante — até o segundo trimestre de 2027 — para 3,2%, próximo da meta de 3,0%. Segundo o órgão, a estratégia de manter a taxa atual por um período prolongado é adequada para garantir a convergência da inflação à meta.

O relatório do Banco Central também destacou que o mercado de trabalho continua resiliente, com a taxa de desemprego em 5,4% no trimestre encerrado em outubro — o menor desde o início da série histórica. Apesar do arrefecimento na inflação, ela ainda está acima da meta, com IPCA em 4,46% em novembro.

Perspectivas futuras e comunicação do BC

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou que a comunicação do banco tem sido mais objetiva, diminuindo a sinalização de ciclos prolongados de elevação de juros. Em evento recente, afirmou que o termo “bastante prolongado” não precisa ser interpretado como uma medida fixa, e que a política de juros deve seguir ajustando-se conforme os números econômicos evoluirem.

Impacto das expectativas e cenário macroeconômico

Especialistas avaliam que, enquanto a política fiscal permanecer inalterada, as expectativas de inflação tendem a permanecer elevadas, dificultando uma redução mais precoce dos juros. Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe da G5 Partners, acredita que o cenário macroeconômico será detalhado no Relatório de Política Monetária (RPM) nesta quinta-feira, com foco na projeção para o IPCA no terceiro trimestre de 2027, a ser o horizonte para o início do ciclo de cortes.

Se o IPCA projetado estiver próximo de 3,0%, indica o analista, o BC pode flexibilizar a decisão de antecipar a queda na taxa de juros. Caso contrário, a expectativa é que o corte seja postergado para março, com redução de 0,50 ponto percentual na Selic. Atualmente, o mercado aposta que a primeira redução chegará em março, em função de uma projeção estável de 3,8% para 2027.

Expectativas e estratégias do BC

O analista e outros especialistas destacam que a comunicação do BC está deixando claro que a manutenção dos juros atuais será reavaliada conforme a evolução dos indicadores econômicos e das expectativas. Souza Leal reforça que o banco não pretende criar um código rígido para a política monetária, mas que o cenário básico aponta para uma eventual redução em março, dependendo dos números de inflação e crescimento.

Para o economista, a continuidade da política de juros atuais depende da evolução da inflação e do clima fiscal, que ainda ameaçam a convergência à meta. Como o banco projeta que o IPCA seguirá acima do teto da meta por mais alguns meses, ajustes na política monetária continuam sendo considerados, embora em ritmo mais lento.

Para conferir detalhes sobre a decisão do Copom e as projeções do banco, acesse o arquivo completo do Banco Central.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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