Banco Central mantém juros em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva
O Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (27) manter a Taxa Selic em 15% ao ano, por unanimidade, refletindo a intenção de preservar o combate à inflação sem prejudicar o crescimento econômico. A decisão era esperada pelo mercado financeiro.
Em nota, o BC destacou que o ambiente externo permanece incerto devido à conjuntura e à política econômica nos Estados Unidos, o que influencia as condições globais de mercado. Além disso, afirmou que, no Brasil, a desaceleração da atividade econômica ocorre concomitantemente a uma inflação ainda acima da meta, sinalizando que os juros permanecerão elevados por um período prolongado.
“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, destacou o BC.
O Copom também não descartou a possibilidade de elevar os juros novamente, caso julgue necessário. Esta é a terceira reunião consecutiva em que a taxa permanece nesse nível. Desde julho, a Selic se mantém na máxima desde julho de 2006, quando atingiu 15,25% ao ano.
Após atingir 10,5% ao ano em maio de 2024, a taxa começou a subir em setembro daquele ano, chegando a 15% na reunião de julho, e permanecendo nesse patamar desde então.
Inflação e metas estabelecidas
A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o IPCA acelerou para 0,48%, influenciado principalmente pelos custos de energia. Assim, o acumulado em 12 meses sobe para 5,17%, acima do teto da meta contínua de 4,5%.
No entanto, o IPCA-15 de outubro, que serve de prévia para a inflação, veio abaixo das expectativas, impulsionado pela queda nos preços dos alimentos pelo quinto mês consecutivo.
Desde janeiro, o BC adota o sistema de meta contínua, cujo objetivo é perseguir uma inflação média de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Nesse método, a meta é avaliada mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses.
Segundo o último Relatório de Política Monetária, divulgado em setembro, a previsão do BC para o IPCA de 2025 foi revisada para 4,8%, podendo ser ajustada dependendo do comportamento do dólar e de outros fatores externos. As estimativas do mercado, por sua vez, indicam que a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,55%, levemente acima do teto da meta.
Custos do crédito e impacto na economia
O aumento da taxa Selic encarece o crédito, dificultando o consumo e a produção, além de atuar como mecanismo de controle da inflação. Apesar disso, a elevação dos juros reduz o ritmo de crescimento econômico. O BC projeta, para 2025, um crescimento do PIB de cerca de 2%, enquanto o mercado financeiro estima expansão de 2,16%, conforme o boletim Focus.
Ao elevar a taxa básica de juros, o Banco Central controla o aprimoramento do mercado de títulos públicos e atua na regulação do crédito para evitar pressões inflacionárias. Por outro lado, a decisão de manter a Selic estacionada em 15% sinaliza a preocupação com a persistência de pressões de preços e a necessidade de cautela na flexibilização da política monetária.
Segundo analistas, essa postura reforça a prioridade do BC em garantir a estabilidade de preços, mesmo com uma economia que apresenta sinais de desaceleração e inflação pouco abaixo do teto da meta.
Com informações do Jornal Diário do Povo
Share this content:










Publicar comentário