Banco Central deve reforçar cautela após interrupção na alta da Selic

O Banco Central deve reforçar o discurso de cautela na condução dos juros após interromper o ciclo de alta da taxa Selic na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) desta terça-feira. Economistas esperam que o BC esclareça os impactos do tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros na inflação.

Manutenção da taxa e sinais de cautela

Na semana passada, o BC decidiu manter a Selic em 15%, sinalizando que pretende repetir a decisão em setembro. A expressão usada pelo colegiado, “manutenção da interrupção” do ciclo de alta, indica uma estratégia de jogar para frente as expectativas de corte de juros ainda neste ano, segundo analistas.

“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária”, afirmou o comunicado do BC. Ainda, o Comitê reforçou que “seguirá vigilante” e que os passos futuros poderão ser ajustados, incluindo a possibilidade de retomar o ciclo de ajustes.

Impactos do tarifaço e cenário de incerteza

Apesar de o BC ter sido econômico ao comentar o tarifaço, destacou que o anúncio das tarifas de Donald Trump contra o Brasil reforça a postura cautelosa diante de um cenário de maior incerteza. Avaliações do mercado indicam que o clima de expectativas desancoradas e a resistência na atividade econômica elevam a necessidade de uma política monetária mais restritiva por período prolongado.

Perspectivas econômicas e inflação

“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, avaliou o BC. Economistas acreditam que o impacto inflacionário do tarifão deve ser mais deflacionário devido ao câmbio controlado e à maior oferta de produtos no mercado brasileiro.

A economista Andrea Damico, da Buysidebrazil, avalia que o BC poderia explorar mais os efeitos do tarifaço na inflação. “O efeito aqui tende a ser mais desinflacionário, principalmente se o câmbio se mantiver sob controle”, ela destacou, ressaltando a importância de o BC se pronunciar sobre esse tema, mesmo com as incertezas quanto às questões políticas e jurídicas.

Expectativas sobre a política monetária e atividade econômica

Natalie Victal, da SulAmérica Investimentos, indica que seria interessante obter mais informações do BC sobre o impacto das tarifas na trajetória da Selic e se há consenso no comitê. Segundo ela, a comunicação pode indicar divisões de opinião e auxiliar na calibragem das projeções de juros futuros.

Já Luis Otavio Leal, da G5 Partners, deseja mais detalhes sobre a desaceleração da atividade econômica. Apesar de o BC mencionar certa moderação no crescimento, o mercado de trabalho ainda demonstra dinamismo, o que requer atenção na avaliação futura da inflação.

Expectativas para os próximos meses

Analistas afirmam que, embora o BC não sinalize cortes de juros neste momento, o cenário está em evolução, e possíveis detalhes sobre a inflação, as expectativas e a atividade econômica devem preencher a ata do Comitê. A expectativa é de que as decisões se mantenham cautelosas diante do cenário externo e das pressões internas.

Para saber mais, acesse: Fonte original.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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