Argentina planeja evitar venda de títulos em janeiro para reduzir dependência de Wall Street

A Argentina pretende evitar a venda de títulos de dívida sob legislação de Nova York em janeiro, destacou nesta terça-feira o ministro da Economia, Luis Caputo, nas redes sociais. A iniciativa faz parte de uma estratégia para reduzir a dependência do país de Wall Street, buscando maior autonomia no financiamento externo, enquanto os investidores preparam o retorno da Argentina aos mercados internacionais de dívida.

Depender menos de Wall Street e fortalecer o mercado interno

Caputo afirmou que o objetivo do governo é eliminar a dependência excessiva da Argentina em relação aos mercados de Nova York. “O objetivo é eliminar a dependência que o país tem de Wall Street”, escreveu o ministro na rede social X, antes de acrescentar que o país deseja que Wall Street seja uma “fonte marginal de financiamento”.

Segundo ele, o governo busca diversificar suas fontes de captação de recursos, incluindo opções de refinanciamento de dívida e linhas de swap de US$ 20 bilhões do Tesouro dos Estados Unidos. Essas medidas fazem parte de um esforço maior de fortalecer o mercado de capitais interno, desenvolvimento que Caputo considera fundamental para a economia argentina. “Nenhum país tem a dependência de Wall Street que a Argentina tem”, afirmou em entrevista recente.

Contexto econômico e próximos passos

Caputo e o presidente argentino, Javier Milei, têm reiterado que o país realizará o pagamento de seus títulos em 9 de janeiro, data em que deve US$ 4,5 bilhões aos detentores dos títulos. A expectativa é que, além da emissão de novos títulos em breve, o governo implemente diversas estratégias para facilitar o acesso aos mercados internacionais, tais como uma linha de recompra e o fortalecimento da moeda local.

A última emissão de títulos da Argentina em moeda forte ocorreu durante o governo de Mauricio Macri, que nomeou Caputo como secretário da Fazenda na época. Recentemente, o país também emitiu US$ 1 bilhão em títulos sob legislação local e passou por uma recuperação parcial do acesso aos mercados globais, embora os riscos ainda permaneçam elevados.

Perspectivas futuras e desafios

Apesar dos esforços, a economia argentina continua a apresentar desafios, com crescimento do PIB de apenas 0,3% no terceiro trimestre, abaixo do esperado, e uma política de câmbio que passa por ajustes, como anunciado pelo governo. As reformas na legislação cambial e a busca por acumular reservas são prioridades atuais, refletindo o contexto de instabilidade econômica.

Caputo também já destacou a importância de fortalecer o mercado de capitais interno, de modo que empresas e províncias possam financiar-se localmente, o que reduziria ainda mais a dependência externa. Segundo o ministro, “a Argentina nunca desenvolveu um mercado de capitais robusto”, o que limita a autonomia do país na captação de recursos.

Com a expectativa de uma melhora nas condições de mercado, investidores vêm se preparando para a possível volta do país aos mercados globais de dívida, especialmente à medida que os rendimentos dos títulos caem para cerca de 10%, níveis considerados favoráveis pelo governo para a emissão de novos papéis. A paridade de confiança ainda depende de várias reformas estruturais e estabilidade macroeconômica.

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Com informações do Jornal Diário do Povo

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