Apagão no Brasil revela crise estrutural no setor elétrico
O recente apagão que afetou todos os estados do Brasil, ocorrido nesta semana, teve como origem uma falha em uma subestação, segundo órgãos do setor elétrico. Apesar de pontual, o episódio expôs problemas mais profundos na infraestrutura elétrica, que podem resultar em falhas mais frequentes e duradouras se medidas adequadas não forem tomadas.
Leilão de reserva de capacidade atrasado compromete o abastecimento
Um leilão para a contratação de reserva de capacidade do sistema elétrico está atrasado e sem previsão de lançamento. Essa licitação é considerada fundamental por técnicos do setor para garantir o fornecimento em horários de pico, especialmente diante do crescimento de fontes intermitentes, como usinas eólicas e solares. Segundo o Relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a ausência desse leilão pode aprofundar o déficit estrutural no atendimento das demandas nos momentos de maior consumo.
Demandas sazonais e dificuldades na operação do sistema
Durante períodos de alta demanda, sobretudo nos horários de pico, há uma queda na geração de energia proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica, devido a fatores naturais. Assim, é necessário acionar usinas “firmes”, como termelétricas e hidrelétricas, cuja contratação depende de leilões que têm sido adiados pelo governo desde 2024, após questionamentos judiciais. Essa situação aumenta a vulnerabilidade do sistema e eleva custos para o setor.
Excesso de energia e desafios na transmissão
Além do risco de falhas durante os picos, há excesso de geração durante o dia, causado pelo aumento da produção em telhados e dificuldades na transmissão de energia para regiões mais demandantes. Isso resulta em cortes frequentes na produção de fontes renováveis, gerando prejuízos financeiros ao setor e dificultando o planejamento operacional, que não consegue controlar a produção adicional. Segundo especialistas, a falta de infraestrutura adequada intensifica esses problemas.
Impacto nas tarifas e no bolso do consumidor
Enquanto o sistema enfrenta esses problemas, os subsídios e obrigações legais aumentam, refletindo em uma alta de cerca de 7% na conta de luz neste ano, acima da inflação de 4,8%. O aumento ocorre, em parte, devido aos custos extras de manter a operação do sistema e enfrentar os déficits gerados pelas dificuldades estruturais.
Fronteiras políticas e a gestão do setor elétrico
Apesar das evidências dos problemas, o Congresso Nacional tem segurado a implementação de reformas necessárias na regulação do setor elétrico. Discussões envolvendo benefícios para segmentos específicos também têm dificultado a aprovação de mudanças mais profundas, essenciais para fortalecer o sistema de energia do país. Assim, o consumidor percebe os efeitos do apagão de maneira rápida, mas as falhas estruturais tendem a persistir por longos períodos, exigindo ações concretas para solucionar a crise.
Para mais detalhes, acesse a matéria completa em O Globo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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