Agroflorestas demonstram eficiência na produção de cacau e frutas

As agroflorestas vêm se consolidando como uma alternativa eficiente para a produção de cacau e outras frutas no Brasil, especialmente diante das mudanças climáticas. Essa técnica combina plantas e árvores de forma integrada, promovendo a regeneração do solo e maior resiliência às variações ambientais.

Agroflorestas: uma alternativa sustentável para o cultivo do cacau

Na fazenda do produtor rural Patrick Assumpção, no interior de São Paulo, a agrofloresta foi adotada há 16 anos como uma resposta ao solo esgotado e à necessidade de métodos menos agressivos. Segundo Patrick, a prática promove a recuperação natural do solo, com árvores como uvaia, bacupari e araçá-boi ajudando a nutrir as culturas ao seu redor.

“Essa é uma forma de cultivo menos danosa ao solo, que preserva o meio ambiente e oferece possibilidades de diversificação de renda”, explica Patrick Assumpção, que hoje busca integrar ainda mais sistemas agroflorestais em larga escala.

Impacto na produção de cacau na Bahia

Na região sul da Bahia, uma das maiores áreas de plantio de cacau no Brasil, a adoção de agroflorestas tem ajudado na recuperação de áreas degradadas e na resistência às doenças, como a vassoura-de-bruxa. Marcelo Brandão, produtor local, conta que, no passado, chegou a colher até 450 mil toneladas anuais de cacau, mas a produção caiu para 9 mil toneladas por causa dos efeitos da doença e da falta de investimentos.

Hoje, a parceria com empresas de agrofloresta tem promovido a recuperação de 200 hectares, com espécies de cacau, açaí, banana e mandioca, que colaboram na restauração do solo e na produção sustentável.

Benefícios ambientais e econômicos das agroflorestas

Segundo especialistas, o aumento da matéria orgânica no solo, promovido pelas agroflorestas, aumenta a retenção de água e combate a erosão, além de fortalecer a resistência das plantas a pragas e doenças. A recuperação do solo pode dobrar a quantidade de matéria orgânica em quatro anos, criando uma lavoura mais produtiva e resiliente.

Com a valorização do cacau no mercado internacional, devido à alta nos preços globais, as agroflorestas oferecem uma oportunidade de unir crescimento econômico com práticas regenerativas. O mercado de carbono, que remunera áreas de floresta em pé por seu potencial de sequestro de carbono, também aumenta o interesse por sistemas sustentáveis.

Inovação e tecnologia no manejo das agroflorestas

Para acompanhar essa tendência, produtores como Patrick investem em tecnologias avançadas, como o escâner LIDAR, que captura dados precisos sobre a vegetação e o carbono armazenado nas árvores. Essa inovação permite a valorização econômica dessas áreas por meio do mercado de carbono.

“Estamos desenvolvendo soluções para que a agrofloresta seja viável economicamente em larga escala, com investidores e fundos de investimento apoiando essas práticas”, afirma Valmir Ortega, fundador da Belterra Agroflorestal. “A biodiversidade brasileira é um grande ativo para desenvolver novas cadeias de valor.”

Perspectivas futuras da agrofloresta no Brasil

Especialistas acreditam que o Brasil possui potencial para retomar sua posição como grande produtor de cacau, aproveitando sistemas regenerativos que combinam agricultura e preservação ambiental. Além de estimular a produção de alimentos, essas técnicas contribuem para mitigar a crise climática ao armazenar carbono e conservar recursos hídricos.

O futuro das agroflorestas depende do fortalecimento de políticas públicas e de incentivos econômicos que valorizem a regeneração do solo e o sequestro de carbono, além de avanços tecnológicos e do crescente interesse do mercado por produtos sustentáveis.

Para mais informações, acesse a reportagem completa no Jornal Nacional.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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