A crise na independência dos bancos centrais e seus riscos

Apesar de décadas de consenso sobre a importância da independência dos bancos centrais para controlar a inflação e promover o crescimento, esse pilar vem sendo questionado no cenário global. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente Trump deixou claro seu incômodo com Jerome Powell, presidente do Fed, e já sinalizou intenções de substituir nomes ligados à autonomia da instituição.

Por que a independência dos bancos centrais voltou à disputa?

Crises financeiras, pandemia, inflação persistente e polarizações políticas têm colocado em dúvida o papel e a autonomia dessas instituições. A história mostra que, sempre que o governo tenta pressionar o banco central por interesses políticos de curto prazo, há risco de descontrole inflacionário e perda de credibilidade.

Casos internacionais e o cenário brasileiro

Nos EUA, Trump tentou influenciar a nomeação de dirigentes e ameaçou o próprio Jerome Powell, enquanto no Brasil críticas à autonomia formal do Banco Central têm sido usadas para justificar interferências nas decisões de juros e na regulação financeira. Essas ações remetem a um quadro de fragilidade institucional e de riscos de retrocesso no avanço econômico ao longo do tempo.

Fundamentos da autonomia e os riscos da interferência política

Estudos de Alesina e Summers, na década de 1990, demonstraram que países com bancos centrais independentes costumam apresentar inflação mais baixa e estabilidade econômica. No Brasil, o reconhecimento da importância dessa autonomia ocorreu após o Plano Real, em 1994, período em que o país enfrentou hiperinflação e buscou estabilizar sua moeda com o auxílio de um Banco Central autônomo.

A independência formal foi consolidada em 2021, alinhando o país ao movimento de organismos como o Fed, o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra. Essa autonomia é vista como uma conquista social e econômica que respalda a solidez do sistema financeiro e a confiança na política monetária.

O que está em jogo na disputa pela autonomia do Banco Central?

Manter a independência dos bancos centrais exige vigilância constante, pois ela representa a proteção contra tentações de curto prazo e pressões políticas que podem prejudicar a estabilidade macroeconômica. Ceder a esses retrocessos responderia por uma piora na confiança pública, aumento da inflação e menor investimento.

Para especialistas, a vulnerabilidade da autonomia institucional no Brasil e Estados Unidos representa uma ameaça à consolidação de avanços duradouros. Assim como o fim da “História” de Fukuyama foi desmentido pelos conflitos contínuos, a integridade das instituições financeiras exige defesa diária.

Perspectivas e a importância da resistência institucional

Apesar dos desafios, os resultados positivos do sistema de autonomia institucional do Banco Central brasileiro permanecem evidentes e seu fortalecimento é fundamental para o desenvolvimento sustentável do país. O equilíbrio entre independência técnica e responsabilidades políticas é o que garante a estabilidade e credibilidade do sistema financeiro nacional.

Reforçar a autonomia sob condições democráticas é uma lição que deve guiar a política econômica em tempos de turbulência global e disputas partidárias. O esforço contínuo de defesa das instituições é essencial para evitar retrocessos que comprometam conquistas conquistadas ao longo de décadas.

Para entender mais sobre o tema, leia a análise completa em outras matérias.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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