Demanda por transportadoras privadas dispara com crise dos Correios

A paralisação dos Correios às vésperas do Natal tem causado um aumento significativo na procura por transportadoras privadas. Empresas de logística relatam uma corrida de varejistas para garantir a entrega de presentes comprados pelos consumidores para a data, ampliando a demanda por serviços alternativos.

Sobrecarga no setor de logística e aumento na procura por empresas privadas

De acordo com executivos do setor, a crise na estatal tem impulsionado especialmente pequenos negócios, que dependem mais dos Correios, a buscar alternativas. Enquanto gigantes do comércio eletrônico como Magazine Luiza, Mercado Livre e Amazon possuem operações próprias de logística, esses pequenos negócios têm enfrentado dificuldades em fazer as entregas no prazo.

O sistema de entregas da Loggi registrou uma alta de 54% no envio de pacotes por pequenas e médias empresas neste mês, concentrada nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Respostas do mercado às dificuldades dos Correios

A crise enfrentada pelos Correios levou muitas empresas a reforçar parcerias com transportadoras privadas. A Jadlog, por exemplo, registrou um aumento de 25% na contratação de novos contratos nos últimos dias, mesmo descontando o efeito sazonal. Segundo o CEO da companhia, Bruno Tortorello, a estratégia foi manter a infraestrutura de Black Friday, com 24 mil metros quadrados de centros de distribuição adicionais, além de dois mil veículos e aproximadamente mil funcionários temporários, mas a alta demanda reavaliou essa decisão.

Ele destaca ainda a chegada de clientes de regiões antes atendidas principalmente pelos Correios, diante da indisponibilidade de entregas eficientes.

Impacto na percepção de confiabilidade e futuro do setor

Especialistas, como Roberto Kanter, professor de Gestão de Negócios da FGV, avaliam que o Natal é o período mais sensível para a logística. Em anos com crises na estatal, o número de entregas cresce rapidamente, e a tolerância a atrasos diminui, o que pode prejudicar a credibilidade dos Correios a longo prazo. “Cada episódio como esse acelera a migração para soluções privadas ou híbridas”, afirma Kanter.

Segundo o especialista, o enfraquecimento dos Correios pode criar um ciclo de dificuldades operacionais para a estatal, que já vinha perdendo mercado para empresas privadas, especialmente em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, onde as grandes operações de comércio eletrônico dominam o mercado de entregas.

Maurício Lima, sócio fundador da consultoria Ilos, estima que a participação da estatal nas entregas pode variar entre 40% e 50%, dependendo da região, com maior presença em localidades remotas. O especialista explica que o aumento na dependência de operadores privados pode aprofundar a crise na estatal e afetar sua reputação, reforçando a percepção de instabilidade, mesmo com causas trabalhistas legítimas.

O professor Roberto Kanter reforça que a crise prejudica a imagem do serviço essencial que os Correios representam para a integração nacional, com impacto negativo na confiança do consumidor. “A experiência quebrada durante o período natalino reforça a necessidade de uma reinvenção da estatal”, diz ele.

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Com informações do Jornal Diário do Povo

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