Proibição de celulares melhora o desempenho nas escolas públicas do Rio

Na busca por aprimorar o aprendizado na educação pública, a cidade do Rio de Janeiro adotou, em 2023, a proibição do uso de celulares nas salas de aula. A medida, sancionada como lei federal em janeiro de 2025, vem mostrando resultados positivos, de acordo com levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Educação, que analisou 900 escolas da rede.

Impacto da proibição de celulares na aprendizagem

O estudo revelou uma melhora de 25% no desempenho dos estudantes em Matemática e de 14% em Língua Portuguesa após a implementação da medida. Antoine Lousao, subsecretário executivo da Secretaria, explicou que a decisão foi motivada pela dificuldade de atenção dos alunos, caracterizada como uma “epidemia de desatenção”.

— E não adianta só proibir, precisa ter um projeto educacional integrado — afirmou Lousao. — Hoje, o maior desafio está na capacitação dos professores e dos próprios estudantes. Não adianta investir em inteligência artificial se os alunos não estão preparados para isso.

Desafios e oportunidades na educação digital

A professora Débora Garofalo, especialista em educação e criadora do projeto Robótica com Sucata, apoia os resultados da proibição, ressaltando, no entanto, a importância de promover uma cultura digital consciente. Segundo ela, a construção de uma educação digital efetiva deve envolver também o uso responsável do celular em casa.

— Ainda predominamos a aula expositiva, e esses alunos não nasceram nesta era digital — afirmou Débora. — É preciso repensar as metodologias de ensino para acompanhar essa nova geração.

O papel da mídia-educação

Thiago Gomide, historiador e colunista do GLOBO, defende que o uso do celular precisa ser bem orientado, aproveitando suas potencialidades em sala de aula, e ao mesmo tempo restringindo o uso indiscriminado. Ele cobra maior investimento em mídia-educação, citando sua própria experiência com jovens influenciados pela “ditadura do like”.

— Temos que orientar esses estudantes, pois eles buscam fama e validação online, o que pode ser perigoso — alertou Gomide. — A proibição do celular exige um trabalho sério de mediação e educação digital.

Formação de professores e regulação da tecnologia

Para o reitor da PUC-Rio, padre Anderson Antonio Pedroso, o desenvolvimento de competências tecnológicas deve ser aliado à valorização da experiência docente. Segundo ele, formações para professores devem respeitar os conhecimentos já adquiridos e promover uma reflexão sobre o uso ético da inteligência artificial.

Já o secretário municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha, reforça a necessidade de limites no uso da IA em sala de aula, destacando o papel fundamental do professor como mediador do conhecimento e das relações humanas.

— A tecnologia pode ajudar na formação, mas o convívio em grupo é insubstituível — afirmou Ferreirinha. — A pandemia ampliou a valorização do papel do professor e da interação social na escola.

O debate sobre os limites e possibilidades da tecnologia na educação aponta para a necessidade de ações integradas, que envolvam capacitação, ética e responsabilidade, buscando garantir o melhor para os estudantes no cenário de avanço tecnológico e digitalização.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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