Canadenses fazem fila para comprar destilados americanos em protesto contra tarifas
Depois de meses de protestos contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos, ao que parece, pelo menos quatro províncias canadenses retomaram a venda de destilados americanos em suas lojas controladas pelo governo. Manitoba, Nova Scotia, Prince Edward Island e Newfoundland e Labrador começaram a comercializar novamente bebidas como Jack Daniel’s, Bacardi e vinhos da Califórnia, mesmo mantendo a postura de boicote ao produto, em decorrência das tarifas de Donald Trump.
Frenesi de compras e impactos do boicote
Segundo Wab Kinew, primeiro-ministro de Manitoba, a venda começou na quarta-feira e gerou filas diárias nos pontos de venda. “Tem havido filas todos os dias”, afirmou durante entrevista na sexta-feira. A província planeja interromper a venda em 24 de dezembro, sem previsão de retomada, e reforçou que continuará a protestar contra as tarifas dos EUA.
Relatos indicam que marcas como Jack Daniel’s, Bacardi e o vinho Barefoot também estão entre os produtos mais vendidos. Kinew comentou: “Nossa piada era que a única coisa mais popular do que tirar a bebida americana das prateleiras foi colocá-la de volta. As pessoas estão fazendo estoque”.
Reações e efeitos econômicos
Embora a decisão de vender as bebidas americanas seja vista como uma resposta ao boicote, ela também gerou um efeito de frenesi de compra. Em Nova Scotia, por exemplo, a venda começou em 1º de dezembro e as vendas semanais ultrapassaram os 3 milhões de dólares canadenses. A província possui atualmente cerca de 14 milhões de dólares em estoques de bebidas americanas e anunciou que não encomendará mais produtos dos EUA após o estoque acabar, para sustentar o protesto.
O primeiro-ministro de Nova Scotia, Tim Houston, afirmou: “Não vamos encomendar mais nada dos Estados Unidos quando esse estoque acabar. Mas os moradores já pagaram por esse produto e não queremos desperdiçá-lo”.
Preocupações e opiniões do setor
Chris R. Swonger, presidente do Conselho de Bebidas Destiladas dos Estados Unidos, criticou a situação, dizendo que a proibição por parte das províncias teve “um efeito devastador” na indústria americana. Os dados revelam que as exportações de destilados americanos para o Canadá despencaram 85% no segundo trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Embora alguns governos provinciais estejam avaliando o melhor destino para os estoques remanescentes, a expectativa é de que a venda seja temporária e que uma solução diplomática seja buscada para retomar as trocas comerciais normais.
Perspectivas para o futuro
O impacto do boicote e a disputa tarifária entre os países ainda permanecem como desafio para o setor de bebidas alcoólicas, enquanto as províncias insistem em manter o protesto. A expectativa é que as negociações entre EUA e Canadá possam beneficiar ambos os mercados, evitando prejuízos maiores para os produtores e comerciantes envolvidos.
Para os consumidores, há uma mistura de patriotismo e desejo por bebidas de qualidade internacional. Miles Gould, dono do Grove Pub and Restaurant em Winnipeg, afirmou que espera poder servir um old-fashioned de verdade assim que os estoques americanos forem renovados, mesmo reconhecendo a preferência por marcas canadenses.
Antes do fim do estoque, as províncias continuam a realizar vendas e doações de parte dos lucros para instituições de caridade, mantendo a pressão sobre as tarifas comerciais dos Estados Unidos.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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