Belém após a COP30: legado de obras e desafios para o turismo
A cidade de Belém passou por uma transformação significativa durante a realização da COP30, com mais de 30 obras entregues que visam consolidar o turismo e melhorar a qualidade de vida dos moradores. Os projetos, que incluem parques, reformas portuárias e sistemas de transporte, vêm sendo utilizados e reconhecidos pela população, porém os desafios estruturais, principalmente no saneamento, ainda aguardam soluções definitivas.
Investimentos e obras emblemáticas em Belém
Ao todo, os investimentos realizados na capital do Pará chegaram a cerca de R$ 4,5 bilhões, envolvendo recursos do Tesouro estadual, BNDES, Caixa Econômica e parceria com a Itaipu Binacional. A União estima que a sua contribuição tenha sido de aproximadamente R$ 4,2 bilhões, incluindo recursos do BNDES, enquanto a prefeitura aportou R$ 63,5 milhões.
Entre as principais obras destaca-se o Parque da Cidade, onde ocorreu a COP30, a macrodrenagem de 13 canais com parques lineares, além da revitalização do Porto de Outeiro, que agora recebe transatlânticos, e do Mercado de São Brás, que virou ponto turístico. O novo Terminal Portuário de Outeiro, ampliado, já funciona com maior capacidade de carga e de recepção de navios de grande porte.
A valorização cultural e o turismo em evidência
As ações na cidade também elevaram o perfil cultural de Belém. Como relataram moradores, a revitalização trouxe um sentimento de orgulho e renovou o interesse pelos espaços históricos, como o Mercado de São Brás. “A COP ajudou a revitalizar a cidade”, comentou Joana, que evidenciou a recuperação de casarões e galpões abandonados — uma preocupação antiga dos moradores.
O crescimento do setor turístico, impulsionado pelas obras, se reflete também na chegada de navios de cruzeiro ao Porto do Outeiro. Segundo Jardel Silva, diretor-presidente da Companhia Docas do Pará, cada transatlântico representa uma oportunidade de emprego, renda e desenvolvimento local. A expectativa é que a reforma do porto crie um novo horizonte para o turismo na região.
Desafios sociais e ambientais ainda presentes
Apesar do otimismo, especialistas como Mariana Aldrigui, pesquisadora em Turismo da USP, alertam para os problemas de saneamento na cidade. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, apenas 20% da população tem coleta de esgoto, e o tratamento é de apenas 2,4%. Moradores de comunidades como a Vila da Barca denunciam o “racismo ambiental”, causado pela construção de estações elevatórias em regiões vulneráveis, impactando o meio ambiente e a qualidade de vida.
Outra preocupação refere-se ao impacto ambiental das obras, como o corte de árvores na macrodrenagem do Tucunduba, gerando questionamentos sobre o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação na cidade que é uma das mais quentes do mundo.
Legado cultural e perspectivas de futuro
Durante a COP30, a cultura local ganhou destaque, com festas de carimbó, rodas de samba e o renomado samba Batuque da Feira do Açaí movimentando eventos culturais e econômicos. Segundo Geraldo Nogueira, produtor cultural, a conferência reforçou a importância da cultura como patrimônio estratégico e motor de desenvolvimento.
O governo do Pará acredita que o evento colocou Belém no mapa internacional como destino turístico e que os investimentos, incluindo a reforma do Porto do Outeiro, vão atrair mais visitantes, fortalecendo a economia local. Jardel Silva ressaltou: “Cada navio que atraca aqui é uma fonte de emprego e renda”.
No entanto, a cidade ainda enfrenta desafios estruturais, especialmente no saneamento e na inclusão social, que precisarão ser enfrentados para que o legado da COP30 seja duradouro e efetivo, consolidando Belém como um grande polo turístico, cultural e econômico da Amazônia.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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