Painel diplomático promete eliminar combustíveis fósseis na COP31

Apesar de a COP30, em Belém, não ter incluído oficialmente o mapa do caminho para a eliminação de combustíveis fósseis, um plano de ação já está sendo articulado para a próxima conferência da ONU, a COP31. O roteiro será construído durante três encontros estratégicos na Colômbia, na Alemanha e no Pacífico, com previsão de votação final até o final de 2026.

Agenda oficial e o esforço para eliminar fósseis

A inclusão de um planejamento de eliminação de combustíveis fósseis na pauta da COP é considerada fundamental, pois esses recursos representam cerca de 75% do problema climático. Com prioridade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tema, entretanto, não fazia parte da agenda oficial da última conferência, o que diluiu sua força diplomática.

Segundo Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, “essa ideia existe há exatamente três semanas, e poderia ter sido mais forte na COP30 se tivesse sido proposta antes”. Ele destaca que a tentativa de incluir o mapa do caminho na última hora resultou na fragmentação da pauta, quase comprometendo o sucesso do encontro.

Perspectivas para as próximas etapas

Especialistas afirmam que um processo mais estruturado e negocial será necessário no próximo ano. Caio Victor Vieira, do Instituto Talanoa, ressalta que “fazer as coisas de surpresa não funciona mais”, e que a presidência brasileira da COP, com mandato até novembro de 2026, deve liderar as construções diplomáticas.

A primeira das três etapas será em abril, na Colômbia, em Santa Marta, onde 84 países que apoiam a proposta se reunirão para debater o roteiro. Em junho, o foco será na reunião dos órgãos subsidiários da Convenção do Clima da ONU em Bonn, na Alemanha. A última reunião ocorrerá no Pacífico, possivelmente Fiji, onde o tema poderá ser encaminhado antes da COP.

Desafios na construção do roteiro

O maior obstáculo é o consenso entre os países, especialmente Rússia, países árabes, China e Índia, que resistem à ideia de uma agenda oficial de eliminação de fósseis. Ainda assim, a proposta segue em discussão, com a Colômbia propondo dividir o roteiro em tópicos específicos para serem debatidos separadamente em abril, como mecanismos financeiros, desafios macroeconômicos e aceleração das energias renováveis.

Com mais de US$ 5 trilhões anuais subsididos aos combustíveis fósseis, a discussão é considerada crucial para acelerar a transição energética. O Brasil também deseja incorporar um plano paralelo de redução de emissões relacionadas ao desmatamento, especialmente envolvendo países com grandes áreas de florestas tropicais, como Indonésia e República Democrática do Congo.

Impacto e expectativas futuras

Segundo Vieira, da Talanoa, há uma clara frustração na sociedade civil com a lentidão das COPs em promover mudanças efetivas na emissão de gases do efeito estufa. Por isso, reforça o especialista, a inclusão dos mapas do caminho na agenda da COP31 é uma meta vital para impulsionar avanços significativos no combate às mudanças climáticas.

É essencial que a decisão de transformar a proposta em consenso na Turquia seja aprovada até o final de 2026, consolidando um compromisso global com a transição para energias limpas e a redução do uso de combustíveis fósseis.

Fonte: O Globo

Com informações do Jornal Diário do Povo

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