Financiamento para adaptação climática nos países em desenvolvimento ainda é insuficiente
Os países em desenvolvimento recebem atualmente menos de 20% do financiamento necessário para ações de adaptação e resiliência climática, totalizando cerca de US$ 54 bilhões por ano, enquanto a demanda estimada até 2030 é de US$ 280 bilhões anuais. Segundo o relatório “COP30 Roadmap for Mobilizing Private Capital”, o principal obstáculo não é a falta de recursos, mas sim barreiras de confiança, marcos regulatórios fragmentados e percepções de risco exageradas que impedem o aumento dos investimentos em clima.
Desafios e oportunidades de financiamiento climático
Elaborado pela GSG Impact e pela Aliança Pelo Impacto, em colaboração com os Princípios para o Investimento Responsável (PRI) da ONU, o estudo destaca a necessidade de desenvolver instrumentos financeiros inovadores, como títulos verdes, títulos de sustentabilidade vinculados a indicadores de biodiversidade e carbono, além do uso de seguros climáticos e garantias públicas para reduzir riscos e atrair mais investimentos em projetos de adaptação e resiliência.
Potencial de retorno dos projetos brasileiros
Segundo o relatório, há um potencial de retorno entre 15% e 25% ao ano em projetos de agricultura regenerativa e agroflorestas no Brasil, podendo gerar até US$ 1.500 por hectare, contra aproximadamente US$ 100 em sistemas tradicionais de pecuária. Estima-se que o país possa atrair até US$ 5 bilhões em investimentos privados em Soluções Baseadas na Natureza (NbS) até 2027.
Brasil lidera a bioeconomia e se torna laboratório para transição ecológica
O estudo também indica que o Brasil está na dianteira da corrida pela bioeconomia, com projeções de movimentar entre US$ 100 bilhões e US$ 140 bilhões até 2032 em setores relacionados à restauração de terras, cadeias florestais e inovação biotecnológica. Com uma matriz energética limpa, biodiversidade rica e capacidade institucional crescente, o país desponta como um laboratório global para a transição ecológica, avaliam investidores e formuladores de políticas públicas ouvidos na pesquisa.
Avanços e obstáculos atuais na COP 30
Durante a COP30, que ocorre em Belém, plataformas como o AdaptaBrasil e o GEMS Database foram destacadas como exemplos de bases de dados climáticos capazes de reduzir incertezas e melhorar a precificação de risco em mercados emergentes. Nesse contexto, o Ibama anunciou a aposentadoria do último projeto de usina a carvão na América Latina, sinalizando avanço na transição energética.
Visão de liderança brasileira
Segundo Ricardo Ramos, diretor executivo da Aliança pelo Impacto, o Brasil tem todos os ingredientes para liderar uma agenda que conecta clima, natureza e desenvolvimento. “A COP30 é o palco perfeito para consolidar esse pacto entre investidores, governos e sociedade”, afirmou Ramos.
Perspectivas futuras e impacto global
O estudo aponta que há capital e vontade de promover mudanças, mas é imprescindível transformar confiança em ações concretas. Cada dólar investido em adaptação pode gerar até dez dólares em benefícios econômicos ao longo de uma década, e setores resilientes podem crescer até 61% em receita até 2050. A expectativa é que os debates na COP30 inspirem um novo modelo de cooperação internacional, unindo investimento, inovação e regeneração.
Para mais detalhes, acesse o relatório completo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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