EUA investigam frigoríficos por prática de cartel e alta de preços

Após críticas de Donald Trump, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos iniciou uma investigação antitruste nas maiores empresas frigoríficas do país, incluindo JBS, Cargill, Tyson Foods e National Beef, visando possíveis práticas de cartel e manipulação de preços.

Denúncias de Trump e ações do Governo americano

Na última sexta-feira, o ex-presidente Donald Trump pediu uma rápida apuração das empresas de processamento de carne dos EUA, alegando que elas inflacionam artificialmente os preços e colocam em risco o abastecimento alimentar. Em postagem nas redes sociais, Trump afirmou: “Medidas devem ser tomadas imediatamente para proteger os consumidores, combater monopólios ilegais e garantir que essas corporações não estejam lucrando de forma criminosa às custas do povo americano”.

Investigação e alvos principais

Segundo comunicado oficial da Casa Branca, a divisão antitruste do Departamento de Justiça já conduz uma apuração envolvendo as gigantes JBS, Cargill, Tyson Foods e National Beef, que juntas abatem 85% do gado dos Estados Unidos. Essas empresas também controlam a maior parte da produção de suínos do país.

As ações do mercado financeiro refletiram a crise: as ações da JBS caíram até 6,2% após o fechamento da bolsa na sexta-feira, enquanto a Tyson Foods chegou a recuar 2%, antes de se recuperar.

Contexto de alta nos preços da carne e concentração do setor

Dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA (BLS) apontam que o valor da carne moída atingiu US$ 6,32 por libra em setembro, uma alta de mais de 11% na comparação anual. Além disso, os preços no atacado da carne bovina subiram 16% em 2025, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Especialistas ressaltam que a redução do rebanho bovino — que chegou ao menor nível em sete décadas devido às secas — e o tarifaço imposto aos produtos brasileiros também contribuem para esses aumentos. A tecnologia, como o uso de chips e brincos RFID para rastrear os animais, é uma das estratégias para monitorar o rebanho. Veja como a IA está revolucionando a previsão do tempo e pode mudar a vida dos fazendeiros no mundo

Consequências para o mercado e opiniões do setor

Pecuaristas tradicionais criticam a concentração de poder nas mãos de poucos frigoríficos, afirmando que há anos enfrentam uma distorção de preços. Eles denunciam que, enquanto o varejo aumenta os valores da carne, o pagamento ao produtor diminui, favorecendo intermediários.

Bill Bullard, diretor do Ranchers-Cattlemen Legal Action Fund, afirmou que a investigação busca assegurar preços justos para os produtores e valores adequados para os consumidores, promovendo um mercado mais competitivo. Joesley Batista, da JBS, buscou Donald Trump nos EUA para discutir taxação da carne brasileira

Empresa JBS, controlada pela brasileira Joesley Batista, não respondeu às tentativas de contato. Ainda assim, a companhia lidera o segmento global de processamento de carne bovina, com avanços na logística, como o transporte por aplicativo para diferentes tipos de carne.

Perspectivas futuras e desafios do setor

Com a investigação, o setor de carne nos EUA pode passar por mudanças que promovam maior transparência e competição, além de possíveis ajustes nas políticas comerciais, especialmente após as tensões causadas pelos altos preços e tarifas ao Brasil. A procura por práticas mais justas é vista como um passo para equilibrar interesses dos produtores e consumidores.

O impacto da apuração também é percebido internacionalmente, pois qualquer denúncia de práticas ilegais pode influenciar a dinâmica do mercado global de carnes — setor que, em 2025, continua sendo central para a economia agrícola mundial.

Fonte: O Globo

Com informações do Jornal Diário do Povo

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