Yuan cresce no comércio global e desafia o dólar

O yuan vem ganhando espaço no mercado internacional, chegando a representar 30% do comércio exterior da China, que movimenta cerca de 6,2 trilhões de dólares por ano. Essa estratégia faz parte do plano de Pequim de internacionalizar sua moeda e diminuir a dependência do dólar americano.

Expansão do uso do yuan no comércio e na dívida externa

Desde 2009, quando a China iniciou a promoção do uso do yuan em transações internacionais, a participação da moeda chinesa cresceu significativamente. Segundo o vice-governador do Banco Popular da China (BPC), Zhu Hexin, o yuan está presente em 53% de todas as transações internacionais com o país, superando o dólar para o comércio global e até mesmo o euro em alguns momentos de 2024.

Além do comércio, o yuan também figura nas reservas cambiais globais, atingindo 2,4% no último trimestre, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O país investe ainda em estruturar sua dívida internacional usando o yuan, oferecendo empréstimos e títulos em sua moeda para países em desenvolvimento, especialmente na África, América Latina e Ásia.

Estratégias para a internacionalização e controle do yuan

Enquanto alguns países do Sul Global buscam alternativas ao dólar, a China mantém uma abordagem pragmática, promovendo o uso do yuan na economia real, especialmente em transações comerciais e de crédito. “A China quer que o yuan seja utilizado para o comércio, não apenas como moeda financeira”, explica Miguel Otero-Iglesias, do Instituto Real Elcano, na Espanha.

Para isso, a China investe em alternativas ao sistema de pagamentos internacional Swift, com o sistema CIPS, além de testar o yuan digital, que visa acelerar pagamentos transfronteiriços e aumentar a autonomia financeira do país.

Desafios e limites para a adoção do yuan

Apesar dos avanços, o yuan ainda enfrenta barreiras. Sua conversibilidade é controlada rigidamente pelo governo chinês, que busca evitar ataques especulativos e manter o controle do sistema financeiro interno. Para especialistas como Otero-Iglesias, a estratégia da China é uma internacionalização controlada, voltada ao crescimento do comércio real.

Contudo, o crescimento do yuan no cenário global também depende da confiança dos parceiros comerciais, da transparência das instituições chinesas e da robustez econômica do próprio país. Segundo o diretor da Eurasia Group, Dan Wang, a China aposta na regionalização do yuan no Sul Global, usando seu poder econômico para ampliar sua presença sem necessariamente desbancar o dólar.

Perspectivas futuras e riscos

Apesar do avanço, a economia doméstica chinesa enfrenta desafios, como o enfraquecimento do consumo interno e um excesso de produção. Além disso, a dependência de exportações e as tensões comerciais com os EUA podem limitar a expansão do comércio em yuan.

Se a China for bem-sucedida em ampliar o uso do yuan nas operações globais, isso poderá alterar o equilíbrio do mercado cambial internacional, embora o dólar ainda mantenha sua supremacia com mais de 58% das reservas globais e transações financeiras.

Para especialistas, a estratégia de Pequim é de cautela. “O movimento para ampliar o uso do yuan acontecerá de forma gradual, sempre sob o controle do Partido Comunista”, afirma Otero-Iglesias. “A meta é fortalecer a economia real e manter o controle político ao mesmo tempo.”

Fonte: G1 Economia

Com informações do Jornal Diário do Povo

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