Proposta de isenção do IR até R$ 5 mil promete impulso na economia em 2026
A aprovação pelo Congresso da proposta do governo que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês deve aliviar significativamente o bolso dos contribuintes de classe média, impulsionando o consumo e, por consequência, o crescimento econômico. Segundo estimativas de economistas ouvidos pelo GLOBO, a medida, enviada pelo Senado à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, pode gerar uma injeção de R$ 20 bilhões a R$ 28 bilhões na economia em 2026, ano de sua entrada em vigor.
Impacto na arrecadação e na distribuição de renda
Embora o discurso oficial seja de beneficiar “os mais pobres” com maior contribuição dos “mais ricos”, análise de dados socioeconômicos demonstra que a reformulação no IR tem foco na classe média, que atualmente já paga pouco imposto. A faixa de isenção passa de R$ 3.036 para R$ 5 mil, atingindo a maioria dos trabalhadores com rendimentos entre esses valores, especialmente na região Sudeste, com destaque para São Paulo. Um levantamento da Tendências Consultoria, divulgado pelo GLOBO, revela que mais da metade dos beneficiados reside nessa região, composta majoritariamente por homens, brancos, com ensino superior e empregados em setor formal.
Benefícios e perfil dos contribuintes beneficiados
Após a implementação, aproximadamente 51% dos brasileiros na faixa de renda entre R$ 3.036 e R$ 5 mil deixarão de pagar IR na fonte, o que representa uma melhora financeira para essas famílias. No Norte e Nordeste, a parcela de beneficiados é menor, de 5,7% e 13,4%, respectivamente, o que indica que regiões de menor renda terão impacto mais tímido na reforma. Especialistas alertam que, apesar dessas mudanças beneficiarem sobretudo famílias de maior poder de compra, o perfil ainda não corresponde às camadas mais ricas do país, que continuam a pagar menos tributo proporcionalmente à sua renda.
Repercussões econômicas e sociais
Dados indicam que cerca de 56,3% das pessoas que passarão a usufruir da isenção têm ensino superior completo, reforçando o fato de que a mudança atinge principalmente a classe C e segmentos baixos da classe B. Ainda assim, o aumento do poder de compra gerado pela medida não deve gerar uma melhora expressiva na confiança do consumidor, uma vez que o cenário macroeconômico permanece incerto, com juros elevados, alta endividamento e dificuldades de acesso ao crédito.
Perspectivas futuras e análises
Segundo o economista Guilherme Klein, do Made/USP, as mudanças no IR poderão reduzir um pouco a desigualdade brasileira, atualmente bastante acentuada. Ainda assim, o sistema fiscal brasileiro continuará regressivo, já que as altas rendas continuam a pagar uma carga tributária menor proporcionalmente. Analistas avaliam que novas reformas podem ser necessárias para ampliar a progressividade do sistema e promover uma distribuição de renda mais justa.
Reação da população e expectativa eleitoral
Pesquisa da Quaest, realizada em outubro em parceria com a Genial Investimentos, aponta que 79% dos brasileiros aprovam as mudanças no IR. A maioria acredita que a medida melhorará sua situação financeira, embora a percepção seja de uma melhora moderada. Essa aprovação elevada tem potencial de influenciar a corrida eleitoral de 2026, na qual Lula deve concorrer à reeleição, embora analistas ressaltem que fatores econômicos e políticos diversos podem modificar esse cenário até lá.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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