Guerra silenciosa no governo por juros altos e insatisfação com Banco Central
Na última semana, essa dinâmica ficou evidente durante evento em Brasília, quando o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foi alvo de críticas internas do governo. As divergências refletem o debate intenso sobre a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15%, mesmo diante de sinalizações de inflação em queda e pressão por redução dos encargos financeiros.
Debate sobre a taxa Selic e tensões no entorno do governo
Durante uma comemoração aos 95 anos do Ministério da Educação, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tentou justificar o patamar da Selic para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Segundo testemunhas, a conversa, que ocorreu em trajes esportivos diferentes do habitual, terminou com a ministra questionando os argumentos do economista. Gleisi, que sempre foi próxima de Lula, criticou a postura do BC, afirmando que a manutenção dos juros em 15%, descontada a inflação, é ‘incompreensível’ diante da desaceleração econômica.
Reações internas e impacto político
Apesar da relação cordial mantida, o episódio revela o sentimento de ‘frustração’ no Palácio do Planalto, que vinha alimentando expectativas de redução da Selic devido à melhora nos índices inflacionários. O impacto dessas divergências se intensificou após o Comitê de Política Monetária do BC decidir, na última quarta-feira, manter os juros em 15%, decisão que foi unanimemente apoiada pelos diretores. A mesma postura foi reforçada por Galípolo, que garantiu a estabilidade para um período prolongado, uma estratégia criticada por setores do governo.
Críticas e alinhamento com Lula
Gleisi Hoffmann, uma das vozes mais incisivas contra a política de juros do BC, chegou a afirmar que Galípolo ‘deixou a desejar’ durante a discussão. Apesar das críticas diretas, o presidente Lula mantém uma relação de apoio a Galípolo, embora o desgaste político seja evidente. O presidente chegou a cobrar publicamente a redução dos juros, na sua última visita a empresários, mas sem criticar explicitamente o atual chefe do BC, com quem costuma dividir momentos de interação mais amistosos, como durante viagem à Ásia.
Opiniões e expectativas futuras
O sentimento de insatisfação com a alta persistente da Selic é compartilhado por diversos integrantes do governo, incluindo ministros e parlamentares. Líderes do PT, como Randolfe Rodrigues, destacam que a inflação está controlada e a economia já desacelera, o que torna a manutenção da taxa de juros contrária à expectativa de melhora econômica. Enquanto isso, Galípolo reforça que a missão do BC é manter a inflação próxima à meta de 3%, apesar de projeções indicarem que ela ficará acima desse nível até o segundo trimestre de 2027.
Apesar das tensões, há um entendimento de que uma guerra pública contra Galípolo, similar à que ocorreu anteriormente com Roberto Campos Neto, é improvável. Ainda assim, o clima interno continua carregado, com pressão crescente por uma avaliação mais alinhada às demandas do governo e, principalmente, aos sinais de melhora da economia.
Para mais detalhes sobre o cenário econômico e as ações do BC, leia o artigo completo em Globo.
Com informações do Jornal Diário do Povo
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