Expectativa de inflação em 2025 aproxima-se do teto da meta, aponta Boletim Focus

O Boletim Focus desta semana revela que a mediana das projeções para o IPCA de 2025 é de 4,55%, apenas 0,05 ponto percentual acima do teto da meta de 4,50%. Após duas cartas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, justificando o potencial descumprimento do objetivo, a inflação está se aproximando de retornar ao intervalo estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Analistas destacam que, além da política monetária restritiva, fatores como desaceleração global, dólar mais fraco e queda nos preços dos alimentos têm contribuído para essa trajetória.

Perspectivas para o IPCA de 2025

Especialistas ouvidos pelo jornal avaliam que há chance de a inflação cumprir a meta, mesmo com o cenário de manutenção da Selic em 15%, nesta quarta-feira, conforme esperado pelo mercado. O economista André Galhardo, da Análise Econômica, projeta que o IPCA deve encerrar o ano em 4,46%, destacando fatores como a redução expressiva nos preços dos alimentos, descompressão dos combustíveis e baixa nos preços industriais.

Galhardo explica que, apesar de a política monetária ser fundamental para o controle de preços, o momento atual está mais relacionado ao comportamento de alimentos, energia e bens industriais do que à demanda. “Mesmo com a Selic no nível mais alto em 19 anos, a economia segue crescendo e a taxa de desemprego está na menor série histórica”, afirma.

Contribuições dos fatores externos e internos

Segundo o Banco Bradesco, a projeção de inflação foi revisada para 4,5%, considerando que os núcleos de inflação mantêm uma dinâmica favorável. A instituição também aponta que a desaceleração generalizada entre os grupos de preços indica que o câmbio não é o único fator impactando a inflação.

O economista Fábio Romão, da 4intelligence, destaca que a deflação nos alimentos pode ajudar ainda mais na redução do IPCA até o final do ano. Ele lembra que, inicialmente, projetou alta de 7,5% para Alimentação no domicílio, mas a previsão mais recente caiu para 3,81%. “Há uma possibilidade real de o índice fechar o ano dentro do intervalo da meta”, avalia Romão.

Fatores sazonais e expectativas dos analistas

Romão também nota que há uma bandeira amarela para energia em dezembro, com potencial para se tornar verde. Quanto aos alimentos, os preços no atacado caíram, sinalizando que os reajustes no varejo podem ser menores que o esperado, embora ainda em alta. “Estamos diante de aumentos menores, não de queda de preços”, explica.

Por sua vez, o professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, estima que o IPCA terminará um pouco acima de 4,5%, próximo do teto da meta. Já o economista Luis Otávio Leal, da G5 Partners, considera que há uma chance “não desprezível” de o índice ficar exatamente no limite superior.

Fatores adicionais e possíveis cenários

Cunha ressalta que a política monetária ajuda na desaceleração da inflação, mas outros fatores, como dólar mais fraco e redução em commodities agrícolas e petróleo, também têm impacto relevante. Leal projeta que o IPCA deve fechar o ano em 4,60%.

Para finalizar, especialistas indicam que uma possível bandeira verde no final do ano ou um erro de 0,11 ponto percentual nas estimativas de novembro e dezembro poderiam fazer a inflação ficar dentro do intervalo desejado. Como afirma Romão, essa é uma hipótese bastante factível mesmo não sendo o cenário base.

Mais detalhes sobre o contexto da inflação e as expectativas para os próximos meses podem ser conferidos no link original.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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