Conflito entre governo e Congresso acirra-se até 2026, aponta especialista

A aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil foi uma das últimas vitórias do governo com apoio do Centrão. Segundo o cientista político Carlos Pereira, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV Ebape), a relação entre o Executivo e o Congresso tende a se deteriorar até as eleições de 2026, influenciada por estratégias políticas da oposição, não necessariamente pelos méritos dos projetos.

O alinhamento da oposição e o comportamento racional

Para Pereira, o comportamento da oposição de não apoiar mais nenhum projeto do governo é uma tática inteligente. “Qualquer acerto do governo aumenta o risco de derrota nas urnas em 2026. É uma estratégia para garantir uma vantagem na disputa”, afirma. Segundo ele, o acirramento do conflito é uma questão de sobrevivência política, e se intensificará nos próximos anos.

Discursos e expectativas de cenário político

O cientista político acredita que o discurso do governo de que a derrubada da MP — que compromete o orçamento de 2026 — foi uma votação da oposição contra a população pode não ser eficaz desta vez. “A população se orienta por dados concretos, como emprego, inflação e déficit”, explica Pereira. Ele destaca que a narrativa de tentativa de responsabilizar o Congresso pelo impasse pode não surtir efeito, já que a maioria governista, embora numericamente menor, não consegue consolidar suas votações por questões de articulação.

Perspectivas para o relacionamento com o Centrão

Apesar do aumento do desempenho do presidente Lula nas pesquisas — com projeções de reeleição em diversos cenários — Pereira avalia que não há previsão de realinhamento imediato do Centrão com o governo. “Os partidos do Centrão atuam por interesses próprios e atualmente caminham para a oposição porque se sentem subrecompensados,” afirma.

Ele explica que o Centrão, que possui peso equivalente ao PT na Câmara, busca melhores recompensas, como recursos e espaço de poder. “Se Lula for reeleito, provavelmente parte desses partidos apoiará o governo, mas enquanto isso, a vida do Executivo será mais difícil na relação com o Congresso”, destaca Pereira.

Impactos futuros e estratégias políticas

Segundo o analista, o governo precisa de uma articulação mais eficaz com o Congresso para evitar um ciclo de maior conflito até as eleições de 2026. “A oposição tende a manter essa postura até lá, buscando se capitalizar politicamente”, conclui Pereira. Para ele, o maior desafio para o governo será negociar ações que possam garantir a governabilidade com uma relação de forças fragmentadas.

Confira a análise completa na reportagem do O Globo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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