Setor privado impulsiona crescimento da restauração florestal no Brasil

A crescente atração de investimentos de grandes empresas tem sido o principal catalisador da expansão da restauração florestal no Brasil, setor que, embora ainda modesto, desempenha papel fundamental na bioeconomia do país. A iniciativa mira em créditos de carbono e Serviços Ecossistêmicos, ampliando a escala de projetos e mobilizando recursos para a preservação da biodiversidade brasileira.

Projetos inovadores e parcerias estratégicas impulsionam a bioeconomia brasileira

Um exemplo recente é o Projeto Muçununga, conduzido pela Biomas, com acionistas como Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale. O projeto, iniciado em julho, busca reflorestar 1,2 mil hectares de Mata Atlântica na Bahia, com investimento inicial de R$ 55 milhões. A meta maior é restaurar 2 milhões de hectares de áreas degradadas nos próximos 20 anos.

Conexão entre biomas e potencial de créditos de carbono

O nome Muçununga refere-se ao ecossistema de vegetação rala nas regiões de baixa altitude do extremo sul da Bahia e litoral norte do Espírito Santo. Essas áreas, embora pouco conhecidas, são ricos em biodiversidade e representam um valioso potencial de restauração estratégica, especialmente por não serem aptas ao plantio de eucaliptos devido às suas condições de relevo e solo.

O contrato com vigência de 100 anos envolve a plantação de espécies nativas, cujo crescimento leva cerca de três décadas. Calcula-se um potencial de geração de aproximadamente 500 mil créditos de carbono em 40 anos, contribuindo para a meta brasileira de neutralização de emissões.

A importância do mercado de créditos de carbono e os desafios do setor

O mercado de créditos de carbono se mostrou um incentivo forte, mas não único, para a proliferação de projetos de restauração. Empresas como a Symbiosis, por exemplo, obtiveram um empréstimo de R$ 77 milhões do BNDES em maio para investir no plantio de árvores nativas na Bahia, uma operação pioneira no país que abre caminho para outros negócios.

Contudo, especialistas destacam as dificuldades de uma atividade que envolve altos custos—em torno de R$ 50 mil por hectare—e obstáculos como a disponibilidade de terras, muitas vezes de reserva legal ou preservação permanente, que dificultam a expansão do setor.

Expansão e inovação na gestão de viveiros e startups de impacto

O setor conta também com viveiros que produzem cerca de 700 mil mudas por ano. A ONG SOS Mata Atlântica, pioneira na recuperação de áreas ambientais, atua há três décadas com parcerias de sucesso com empresas como Bradesco, Heineken, Ypê e Nestlé. Sua produção, que totalizou 42 milhões de árvores, é essencial para projetos de reflorestamento e regulação hídrica.

Para ampliar e profissionalizar ainda mais o setor, a aceleradora Quintessa lançou um programa que mapeou 150 iniciativas, apoiando cinco empresas focadas na Amazônia, incluindo a Uirapuru (pará) e a IGV Tech (São Paulo). A iniciativa busca acelerar projetos inovadores, com financiamento de fundos como o Amazon Investor Coalition e o Fundo Vale.

Perspectivas e obstáculos para o reflorestamento no Brasil

Apesar do avanço, o setor enfrenta gargalos como o alto custo por hectare, dificuldades na regularização fundiária e na obtenção de sementes e mudas de qualidade. A implementação de planos territoriais e contratos de longo prazo, aliada ao aumento dos investimentos, são essenciais para cumprir a meta de reflorestamento de 12 milhões de hectares até 2030, compromissos reafirmados na COP30, que acontecerá em Belém.

Especialistas destacam a importância de uma sistematização do conhecimento e de práticas regenerativas para ampliar a produtividade e reduzir riscos. Segundo estudo da gestor de recursos fama re.capital, essas práticas, apesar de impactantes, ainda possuem reconhecimento limitado, evidenciando a necessidade de padronização de métricas e políticas públicas mais incisivas.

O movimento de renovação florestal combina esforços públicos e privados, e a busca por soluções inovadoras deve continuar sendo prioridade para que o Brasil alcance suas metas ambientais e econômicas, consolidando sua posição na bioeconomia mundial.

Para mais informações, acesse o artigo completo.

Com informações do Jornal Diário do Povo

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